terça-feira, 11 de maio de 2010

Questões agrárias e diretrizes da ação evangelizadora na coletiva


''Não cabe à Igreja fazer uma reforma agrária mas sim, fazer reflexões sobre o assunto'', afirma Dom Guilherme
A coletiva de imprensa desta segunda-feira, 10, destacou o possível documento da CNBB sobre as questões agrárias no Brasil, sobre as discussões em torno das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e os bispos eméritos. Participaram o Arcebispo de São Luiz do Maranhão (MA), Dom José Belisário da Silva, o Bispo de Ipameri (GO), Dom Guilherme Antônio Werlang, e o Bispo de Santa Cruz do Sul (RS), Dim Aloísio Sinésio Bohn.

O tema mais discutido foi a questão agrária. Dom Guilherme explicou que o Conselho Permanente da CNBB formou, em dezembro, uma comissão especial de bispos para iniciar um trabalho de análise sobre as questões agrárias no Brasil, e que o assunto foi trazido para a assembleia para, possivelmente, se lançar um documento sobre essa questão. "O último documento oficial da Igreja sobre a questão agrária é de 14 de fevereiro de 1980. Nesses 30 anos, tanto as questões agrárias, como a questão social e eclesial tiveram muitas mudanças. O que foi dito lá permanece válido e verdadeiro, mas em grande parte o documento está desatualizado".

O bispo disse também que foi apresentado aos bispos uma análise sobre os diversos modelos de ocupação de terra no Brasil, desde a época na colonização portuguesa até hoje, e se notou que, essa questão da divisão das terras, desde os tempos bíblicos sempre foi marcada por tensões. Porém, Dom Guilherme enfatizou que "não cabe à Igreja fazer uma reforma agrária mas sim, fazer reflexões sobre o assunto, olhar a situação e iluminar, à luz da Palavra de Deus, essa realidade".

O assunto começou a ser discutido pelos bispos no sábado, 8, mas ainda deve voltar outras vezes à plenária.

Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil

Dom José Belisário, presidente da comissão da CNBB que discute esse tema, explicou que, no próximo ano, a assembleia dos bispos será eletiva, ou seja, será o ano de eleger a nova presidência da CNBB, e coincidindo com esse fato, deverá acontecer a aprovação das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

O bispo explicou que, sobre essa questão, a plenária não decidiu se serão feitas novas diretrizes, se as atuais serão mantidas, porque alguns bispos acham que ela ainda não foram vivenciadas como deveriam, ou se deverão ser acrescentadas novas diretrizes às que já existem, e assim complementá-las. E para isso, a comissão consultou a assembleia, mas os bispos ainda não decidiram o que será feito.

De acordo com Dom José, as diretrizes são importantes para a Igreja porque servem para todas as paróquias e comunidades do Brasil e isso "dá uma unidade ao trabalho da Igreja".

Bispos Eméritos

Sobre o assunto falou Dom Sinésio, que disse estar satisfeito com a reflexão feita pela assembleia da situação dos bispos eméritos no Brasil, que hoje somam 149, quase 1/3 do episcopado brasileiro. Aos 75 anos, a Santa Sé pede que os bispos renunciem à sua função por causa da idade, portanto eles já não ficam mais a frente da sua diocese. Os cardeais renunciam aos 80 anos.

Essa atitude de ceder o cargo a um bispo mais jovem é muito positiva porque renova a liderança na Igreja e é bom para o bispo que, nessa idade, já trabalhou muito e tem o direito de não ter tanta responsabilidade. "Os idosos olham o mundo sobre o prisma de sua idade, mas podem ajudar muito por causa de sua experiência", destacou Dom Sinésio.

Segundo ele, os bispos eméritos "podem continuar ajudando nos trabalhos mais simples e, em outros setores, como o aconselhamento e na oração, porque não pode mais trabalhar tanto, mas pode rezar mais pela Igreja".

Com a renúncia se cuida dos bispos mais idosos para não se exigir demais deles. Dom Sinésio disse também que mesmo com a vida mais calma, o bispo emérito não pode ficar entregue a si mesmo, por isso a Igreja tem uma tarefa para com ele". Nesta quarta-feira foi feita uma votação na plenária para se dar aos bispos eméritos uma ajuda financeira por parte da CNBB e das dioceses para os remédios e demais gastos necessários por causa da idade.

Dom Sinésio destacou que um bispo emérito é uma benção para a diocese mas, em contrapartida, ele não pode atrapalhar, "contrariando o novo bispo" que assume seu lugar e, assim, "impedir o dinamismo da mudança".

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