quarta-feira, 26 de maio de 2010

Igreja Santa

“Em nome do Senhor Jesus, que nos remiu com sua morte, nós vos pedimos e suplicamos que procureis diligentemente informar-vos acerca do motivo e do modo como sofremos tribulações e angústias da parte dos inimigos da religião critã. Desde que, por disposição divina, a Mãe Igreja me colocou no trono apostólico, apesar de me sentir indigno e contra a minha vontade, disso Deus é testemunha, procurei com o máximo empenho que a Santa Igreja, esposa de Deus, senhora e mãe nossa, voltando à primitiva beleza que lhe é própria, permanecesse livre, casta e católica. Mas como isso desagrada muitíssimo ao antigo inimigo, este armou seus sequazes contra nós, para que tudo sucedesse ao contrário. Por isso, ele fez tanto mal contra nós, ou antes, contra a Sé Apostólica, como ainda não pudera fazê-lo, desde os tempos do imperador Constantino Magno. Nem é de admirar muito, porque, quanto mais o tempo passa, tanto mais ele se esforça para extinguir a religião cristã.

Agora, pois,, meus caríssimos irmãos, ouvi com muita atenção o que vos digo. Todos os que no mundo inteiro têm o nome de cristãos e conhecem verdadeiramente a fé cristã, sabem e crêem que São Pedro, o príncipe dos apóstolos, é o pai de todos os cristãos e o primeiro pastor, depois de Cristo, e que a Santa Igreja Romana é a mãe e mestra de todas as Igrejas. Se, portanto, acreditais nessas coisas e as afirmais sem hesitação, eu, vosso humilde irmão e indigno mestre, rogo-vos e recomendo-vos pelo amor de Deus onipotente, que ajudeis e socorrais este vosso pai e esta vossa mãe, se desejais alcançar por seu intermédio a absolvição de todos os pecados, a bênção e a graça, neste mundo e no outro. Deus onipotente, de quem procedem todos os bens, sempre ilumine a vossa alma e a fecunde com seu amor e o amor do próximo. Assim, pela vossa constante dedicação, mereceis a recompensa de São Pedro, vosso pai na fé, e da Igreja, vossa mãe, e chegareis sem temor à sua companhia. Amém”. (Palavras de São Ggregório VIII, Papa de 1073 a 1085, que trabalhou intensamente na Reforma da Igreja e, perseguido, morreu no desterro, em Salerno).

Sempre, no decorrer da história, haverá aqueles que, dentro e fora da Igreja, se investirão contra ela. Uns lhe fazem mal pela traição aos compromissos assumidos, outros pelo ódio à sua profecia que fere seus interesses. Entretanto, as palavras de Jesus: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” e “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”(cf Mt 16,13-19) continuam verdadeiras. A Igreja jamais será corroída por dentro, como vem sendo gritado todos os dias por aqueles que não a conhecem, pois seu “dentro” é o mistério de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, seu fundamento é Cristo, sua força é o Espírito que a conduz pelos caminhos da história. O pecado não vem de seu interior, vem de fora, de cada um de nós que, não obstante a purificação do batismo, continuamos sujeitos às humanas misérias. O pecado é como um verme que corroi o ser humano por dentro. Nossos pecados desfiguram o rosto da Igreja santa, impedem que sua luz brilhe no mundo. São sete os pecados que capitaneiam o mal no mundo: Soberba, Avareza, Luxúria, Inveja, Gula, Ira e Preguiça. São “patrimônio” de toda a humanidade. A Igreja reúne em seu seio uma multidão de pecadores que desejam banhar-se nas águas da redenção. O combate contra o mal, dentro e fora de nós, só terá fim com nossa morte e com o desfecho final da história humana. É preciso ouvir sempre de novo a parábola do joio e do trigo ( cf. Mt 13,24-30) e aquela dos peixes sãos e dos peixes corrompidos, apanhados na mesma rede do pescador(cf. Mt 13,47-30). Mas é preciso sobretudo louvar a Deus pela Igreja, presente no mundo, sinal permanente de seu amor misericordioso.

Quantas coisas bonitas vivemos nesses últimos dias: a Páscoa do Senhor, Pentecostes, a festa da Santíssima Trindade! E estão a chegar as festas de Corpus Christi, do Sagrado Coração de Jesus, de Santo Antônio, de São João Batista, de São Pedro e São Paulo. A luz de Cristo brilha intensamente em nossa vida e seu amor se manifesta de muitas formas em sua Igreja. Neste mês de junho, no próximo dia 11, encerra-se o Ano Sacerdotal em que nós, sacerdotes, fomos convidados a espelhar-nos na fidelidade de Cristo para sermos igualmente fieis à vocação a que fomos chamados. O Senhor nos falou a nós, sacerdotes, de muitos modos, às vezes através de acontecimentos dolorosos, mas sempre com muito amor. As palavras de São Gregório, acima citadas, nos fazem compreender que é tentando atingir a cabeça que se pensa destruir a Igreja. Como sua cabeça é Cristo, a Igreja continuará seu caminho e o Espírito continuará a fazer santos no decurso da história. Você, cristão(ã), você, sacerdote, você pode e deve ser um deles, sinal de Deus para os homens e mulheres de nosso tempo.

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues

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