terça-feira, 18 de maio de 2010

Dia das Comunicações

“Os meios modernos de comunicação fazem parte, há muito tempo, dos instrumentos ordinários por meio dos quais as comunidades eclesiais se exprimem, entrando em contato com o seu próprio território e estabelecendo, muito freqüentemente, fórmulas de diálogos mais abrangentes. A sua recente e incisiva difusão e a sua notável influência cada vez mais importante e útil merece atenção do seu uso no ministério sacerdotal” (Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações que ocorre neste domingo, 16 de maio de 2010).

Penso que não perderam seu lugar os folhetos que desde tempos imemoriáveis fazem contato entre os párocos e os fieis de suas paróquias, além do uso dos folhetos litúrgicos que ajudam a participação nas celebrações dominicais. Na era moderna com o advento da eletricidade, os alto falantes aumentam o contato com os paroquianos. Adveio o rádio para superar distâncias e, mais recentemente, a televisão a tornar possível a visão de acontecimentos religiosos desde locais longínquos.

A difusão da Palavra de Deus pode ser feita não somente dos púlpitos dentro das igrejas, mas também através das ondas sonoras e da televisão. Os meios de comunicação modernos tornam possível o encontro das pessoas, ainda que cresça a falta de diálogo e o desencontro entre as mesmas pessoas, desde dentro das famílias até os dissentimentos nas vias públicas, causando intolerância e violência verbal e física.

O Evangelho a ser comunicado é Cristo. Ele é o enviado do Pai celeste para comunicar a paz aos corações que o recebem e a todos os homens de boa vontade. Na carta aos Romanos 10,11, Paulo pergunta: “Como hão de ouvir falar do Senhor se não houver quem lhes pregue? E como hão de pregar, se não forem enviados?”.

Hoje, para dar resposta a essas questões no âmbito das grandes mudanças culturais, particularmente sentidas no mundo juvenil, tornaram-se um instrumento útil as vias de comunicação abertas pelas conquistas tecnológicas. De fato, pondo à nossa disposição meios que permitem uma capacidade de expressão praticamente ilimitada, o mundo digital abre perspectivas e concretizações notáveis ao incitamento Paulino: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9,16). Estamos no limiar de uma história nova. Pastoralmente somos chamados a ocupar-nos das novas tecnologias, multiplicando o nosso empenho em colocar as mídias a serviço da Palavra.

Devemos estar presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica para desempenharmos o próprio papel de animadores de comunidades, que hoje se exprimem cada vez mais freqüentemente através das muitas “vozes” que surgem do mundo digital, e anunciar o Evangelho recorrendo não só às mídias tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais (fotografias, vídeos, animações, blogues, páginas na Internet) que representam ocasiões inéditas de diálogo e meios úteis inclusive para a evangelização e a catequese, lembra Bento XVI.

No mundo digital deve ficar patente que a amorosa atenção de Deus em Cristo por nós não é algo do passado, nem uma teoria erudita, mas uma realidade absolutamente concreta e atual. De fato, a pastoral no mundo digital há de conseguir mostrar, aos homens de nosso tempo e à humanidade desorientada de hoje, que “Deus está próximo e, em Cristo, somos todos parte uns dos outros” (Bento XVI à Cúria Romana em 22/12/2009).

Nossa pastoral não pode continuar a ser dedicada à manutenção dos fieis nas missas dominicais, mas deve procurar novos métodos para levá-los a aprofundar o conhecimento de Jesus Cristo a fim de imitá-lo e testemunhá-lo perante o mundo que quer conhecer a verdade, principalmente os jovens.

Em todos os processos de comunicação há de se promover uma cultura que respeite a dignidade e o valor da pessoa humana. A Igreja é competente em humanidade, porque recebeu de seu fundador o exemplo a ser seguido: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância.” (Jo 10,10)

Com o Evangelho nas mãos e no coração, é preciso reafirmar que é tempo também de continuar a preparar caminhos que conduzam à Palavra de Deus.

Cardeal Geraldo Majella Agnelo

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