segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Rede Record e a investida contra a vida

Rede Record e a investida contra a vida


A televisão aberta está longe de proporcionar um entretenimento saudável e com conteúdo exemplar. Senão bastassem as novelas de cunho apelativo, reality shows inúteis, onde o ser humano é tido como cobaia do mercado, enfim programas que visam a alienação, agora uma emissora que se diz de primeira resolveu disparar contra a dignidade da vida.
A Rede Record, de propriedade teoricamente religiosa, agora resolveu posar como escudo da libertinagem e seus males. Muito me preocupou uma série de propagandas intituladas como de “responsabilidade social”. Quero deixar bem claro que não tenho nada contra a emissora e sua fábrica de programações, porém estas inserções me indignaram. Quero compartilhar com você, amigo leitor.
Em um dia destes, onde raramente uso o controle remoto para ver as atrações das emissoras, uma propaganda me surpreendeu. Uma artista, não sei se ciente da atrocidade que dizia, encenava no material uma mulher efusiva no feminismo, onde era ressaltadas as conquistas delas ao longo dos tempos. Até tudo bem, tudo normal.
O problema foram as frases finais. Com um tom agressivo, ela afirmou que “também tinha direito de fazer o que quisesse com o corpo”. Após a encenação foi estampada uma defesa explícita ao aborto por meio de letras chamativas. Cadê a emissora do Senhor, aquela que se gaba de ser de primeira?
Como cristão católico, mas acima de tudo defensor da vida plena, fiquei estarrecido. Como um veículo de comunicação, que se diz de uma doutrina religiosa, pôde ter a pachorra de desrespeitar a Lei de Deus? Pelo visto “A Fazenda” não é o limite para os bispos da Igreja Universal.
A posição “do contra” da Igreja Universal do Reino de Deus (detentora da Record) diante da doutrina da Igreja Católica não é inédito. Há algum tempo atrás a congregação defendeu sem cerimônia o uso da camisinha e outros anticoncepcionais, afirmando que era favor da “liberdade” do cristão. Liberdade sem responsabilidade é um desserviço à fé.
Portanto é importante saber o que realmente está a nosso dispor nestes veículos. Os meios de comunicação e seus profissionais devem sempre estar comprometidos com o bem, a verdade e a paz, levando o amor e a justiça, e não fica deturpando os caminhos do Pai para nutrir a patética guerra pela audiência.
Para finalizar só uma pergunta: se Maria tivesse abortado Jesus, o que seria de nós? Pense nisso.

Artigo de Cláudio Henrique (nosso Claudinho)

Alegrai-vos sempre no Senhor - Artigo do Pe. Orlando Maffei


Alegrai-vos sempre no Senhor

Caríssimos irmãos, para nossa salvação a divina misericórdia nos chama às alegrias da eterna felicidade. Foi isto o que ouvistes há pouco na lição em que o Apóstolo dizia: Alegrai-vos sempre no Senhor (Fl 4,4). As alegrias do mundo tendem para a eterna tristeza; mas as que mas as que brotam da vontade do Senhor levam os fiéis , que nelas perseveram, às alegrias duradouras e eternas.. Por isso diz o Apóstolo: De novo digo: Alegrai-vos (Fl 4,4).

Ele incita a que cada vez mais cresça nossa alegria em Deus e a decisão de cumprir seus mandamentos. Porque, quanto mais lutarmos neste mundo por nos sujeitarmos aos preceitos de Deus, nosso Senhor , tanto mais seremos felizes na vida futura e tanto maior a glória alcançaremos diante de Deus.

Seja vossa moderação conhecida por todos (FL e,5); quer dizer, que vosso santo modo de viver se manifeste não apenas diante de Deus, mas ainda diante dos homens. Seja exemplo de modéstia e de sobriedade para aqueles que convivem conosco na terra e deixe uma boa lembrança perante Deus e os homens.

O Senhor está perto; de nada vos inquieteis(Fl 4,5-6).

O Senhor está sempre perto daqueles que o invocam na verdade, com fé integra, esperança firme, caridade perfeita.Ele sabe do que precisais, antes mesmo que o peçais. Está sempre pronto a vir em auxílio dos que o servem fielmente, em qualquer necessidade sua.

Por conseguinte, não temos de preocupar-nos demais com as dificuldades iminentes, porque sabemos estar próximo Deus, nosso defensor, conforme foi dito: O Senhor está junto dos que têm o coração atribulado e salva os humildes no espírito.Muitas as tribulações dos justos, porém de todas elas o Senhor os livrará

(SL 33,19-20). Se nos esforçarmos por realizar e guardar o que ordenou, ele não tardará a nos dar o prometido.

Mas em tudo, por orações e súplicas acompanhadas de ação de graças, apresentai vossos pedidos a Deus. (Fl 4,6): não aconteça que, aflitos, suportemos as tribulações com murmuração e tristeza. Isto nunca, mas com paciência e de rosto alegre, dando sempre e por tudo graças a Deus (Ef 5,20).

Do tratado sobre a Carta aos Filipenses.

Artigo Pe. Orlando Maffei – Pároco Paróquia Sant’Ana em Araçatuba/SP

Como retomar a vida de oração?

Como retomar a vida de oração?

Cuidado para não buscar alimentos e remédios errados
A oração é o oxigênio da alma. “Para mim a oração é um impulso do coração, é um olhar dirigido ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria” (Santa Teresinha do Menino Jesus).

Então, vamos começar pela oração, nós precisamos orar, rezar, conversar com Deus sempre, como nos ensinou Jesus, que orava sem cessar buscando ocasiões para entrar em profunda intimidade com o Pai. Reze com o que está no seu coração, quer seja bom ou ruim, pois na oração nada se perde, tudo se transforma em matéria-prima para Deus, que nos ama, realizar o milagre de que necessitamos. “Tudo pode ser mudado pelo poder da Oração”.

Por isso, escolha todos os dias um horário para fazer sua oração pessoal ou ore o dia todo fazendo o que estiver fazendo; é a oração ao ritmo da nossa vida. Isso nos coloca o tempo todo na presença do Senhor, alimento forte e substancioso. É necessário que essa prática seja fiel e perseverante para se tornar uma coisa normal e habitual em nossa vida, como se alimentar todo dia e várias vezes por dia. A oração com a Palavra de Deus nos manterá de pé e reconheceremos melhor o Senhor e Sua promessa de salvação; Sua Palavra forma nossa mentalidade nos moldes do Reino de Deus.

A Eucaristia, a Santa Missa é o alimento mais forte, pois comungamos o próprio Jesus, nossa vida. Muitas vezes, trabalhamos demais, temos tempo para tudo, para o lazer, para conversar, ver televisão, passear no shopping, mas para parar um pouquinho para repor as “energias” espirituais não damos muita importância. Por isso, existem pessoas morrendo no pecado e numa vida vazia, pois estão “anêmicas” de Deus, com anemia espiritual. Nessa hora, é preciso buscar a ajuda certa, como fez aquela senhora: buscou no Sacramento da Confissão o diagnóstico e o remédio para ser curada e liberta do males da alma.

Cuidado para não buscar alimentos e remédios em falsas doutrinas. Eles são como um alimento falso, que não resolve, pode ser até um paliativo, que engana, mas não cura e pode até levar à morte. Você vai perdendo energia e sangue sem perceber, como nos diz São Paulo: “Enfim fortalecei-vos no Senhor, no poder de sua força, revesti-vos da armadura de Deus, pra que possais resistir às ciladas do diabo. Pois nossa luta não é contra homens de carne e sangue, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos espalhados pelos ares. Por isso, protegei-vos com a armadura de Deus” (cf. Efésios 6, 10-13). Neste caso, o melhor é buscar uma direção espiritual, um sacerdote ou uma pessoa mais madura na fé de sua comunidade para ouvi-lo e rezar por você, pois alimento ou medicamento errado pode matar.

Sem disciplina não se chega a lugar nenhum em tudo que a gente se propõe fazer, quer seja no trabalho, quer seja nos estudos e também na vida de oração: “Sem disciplina não há santidade”.

Portanto, o primeiro passo é começar a rezar, reconhecer que está com anemia espiritual e acreditar que acima de tudo Deus me ama e me espera de braços abertos na confissão, na Eucaristia, no grupo de oração, na partilha, na direção espiritual e no simples terço com Maria. Deus me vê, não é indiferente à minha dor, Deus me entende, quer me envolver de amor.

Rezemos juntos: Pai santo, Pai amado, livrai-me de toda doença espiritual, psicológica ou física e derramai sobre mim o Vosso Espírito Santo, para encher-me de força e de vida, para me ensinar a rezar, vem e curai-me, libertai-me, pois eu quero viver. Dai-me o dom da fortaleça, para me libertar de toda tibieza, abatimento, sentimento de derrota e frieza espiritual, quero vencer através da oração e do louvor. Amém.

Conte sempre com minhas orações.

Pe. Luizinho - Comunidade Canção Nova

sábado, 28 de novembro de 2009

PE. FUNES: QUESTIONAMENTO SOBRE VIDA EXTRATERRESTRE MERECE SÉRIA CONSIDERAÇÃO

PE. FUNES: QUESTIONAMENTO SOBRE VIDA EXTRATERRESTRE MERECE SÉRIA CONSIDERAÇÃO

Cidade do Vaticano, 10 nov (RL) - O diretor do Observatório Astronômico Vaticano. Pe. José Funes, explicou – numa coletiva realizada esta manhã na Sala de Imprensa da Santa Sé – porque o Vaticano se interessa pela "Astrobiologia".

"Embora a Astrobiologia seja um campo emergente e um tema em via de desenvolvimento, as questões relativas às origens da vida e a pergunta se a vida existe em outro lugar no universo são perguntas apropriadas e merecem uma séria consideração" – frisou Pe. Funes.

A coletiva de imprensa teve lugar ao término de uma semana de estudo sobre a Astrobiologia organizada pela Pontifícia Academia das Ciências e pelo Observatório Astronômico Vaticano.

O campo de estudo é multidisciplinar e abarca diversas disciplinas do saber científico: astronomia, cosmologia, biologia, química, geologia e física.

As questões sobre a origem da vida e sobre a existência da vida no universo "têm muitas implicações filosóficas e teológicas", embora durante o encontro "tenha sido focalizada a perspectiva científica" – observou o sacerdote jesuíta.

O objetivo dos referidos organismos organizadores do evento foi a promoção das ciências naturais e o estímulo a uma abordagem interdisciplinar. Professores de diversas universidades do mundo – Roma, Tucson (no Arizona, EUA), e Paris – participaram da coletiva de imprensa.

Essa semana de estudos se insere no âmbito das iniciativas que celebram o "Ano Internacional da Astronomia", declarado pela ONU para este 2009 para celebrar o 4º centenário das primeiras observações astronômicas feitas por Galileu Galilei.

Trata-se de uma iniciativa da União Internacional de Astronomia e da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. A abertura oficial deste "Ano Internacional da Astronomia" teve lugar nos dias 15 e 16 de janeiro passado, na sede da Unesco, em Paris. (RL)

É o amor que humaniza a sexualidade


É o amor que humaniza a sexualidade

Quem verdadeiramente ama é capaz de assumir o outro integralmente
Amor: somente ele pode, de fato, humanizar a sexualidade. No entanto, em nossos dias esse termo se encontra envolto em uma complexa confusão em seu sentido e compreensão. Muitos o têm reduzido apenas à dimensão do prazer e à sua especificidade erótica. É certo que essa palavra engloba também essa dimensão, contudo, ele não se encerra apenas em tal expressão.

O amor – em seu sentido agápico (Grego: Agápe) – significa capacidade concreta de doação em favor de um outro, buscando a devida interação com a verdade dele. E isso também deve ser aplicado à concepção humano/erótica do amor, pois, este para ser autêntico não poderá ter o egoísmo como única força motriz.

O amor não se resume à utilização do outro como objeto de prazer sexual. Ele não poderá permitir a utilização momentânea e descartável de um “alguém humano” por meio de aventura descompromissada e irresponsável. O autêntico amor comporta o compromisso.

Estamos acostumados a ouvir os gritos de uma sociedade, que elevou à máxima potência a necessidade de satisfazer os próprios desejos e instintos a qualquer custo, transmutando assim o valor da pessoa e o colocando em segundo plano. Dentro desse universo de compreensão o que importa é satisfazer o desejo, não se importando se o outro é utilizado como um mero “brinquedo” por alguns instantes, sendo depois jogado nas mãos do destino.

É o amor/compromisso que humaniza a sexualidade, do contrário ela se torna apenas egoísmo animalesco. A vivência sexual sem o amor deixa de ser humana e torna-se escravidão instintiva.

Quem verdadeiramente ama é capaz de assumir o outro integralmente, com todas as suas consequências, sem querer usá-lo apenas para uma satisfação superficial.

O amor torna humana a sexualidade, gerando o comprometimento – que tem sua máxima expressão no matrimônio sacramental – e o bem, necessários para que a devida interação aconteça, sinalizando o outro como fim e não como meio. O ser humano possui uma dignidade inviolável, ele é pessoa e nunca deverá ser diminuído à categoria de objeto.

O amor traz cor e sabor à vida, ele inaugura uma primavera de sentido para toda e qualquer relação.

A virtude a que somos chamados consiste em contemplar pessoas e relacionamentos sob a ótica do autêntico amor. Assim a doação sincera em vista do bem inspirará nossas atitudes e nos permitirá elevar o ser à sua altíssima e verdadeira condição: a de filho amado, querido e respeitado por Deus.

Adriano Zandoná
Seminarista


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

SANTA SÉ: BENS CULTURAIS SÃO OBRAS VIVAS, E NÃO SOMENTE PEDRAS PRECIOSAS

SANTA SÉ: BENS CULTURAIS SÃO OBRAS VIVAS, E NÃO SOMENTE PEDRAS PRECIOSAS

Cidade do Vaticano, 27 nov (RV) - Uma coletiva de imprensa pela manhã e, à tarde, uma jornada de estudo: essas foram as iniciativas para recordar os 20 anos de atividade da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja.

O presidente da Comissão, Dom Gianfranco Ravasi, recordou que os bens culturais não são somente pedras preciosas, mas necessitam de proteção, fazer com que esse patrimônio não pereça e, sobretudo, que possa dialogar com a modernidade. Uma tentativa, nesse sentido, é a participação da Santa Sé na 54ª Bienal de arte contemporânea de Veneza, em 2012.

Dom Ravasi destacou a importância de ter a coragem de novas linguagens: "O artista se expressa com a sua nova gramática. O sacro continua a atualizar-se, continua a expressar-se em formas culturais e musicais diferentes. Certamente, deve ser consciente da finalidade. Algo que é muito difícil agora, porque estamos em uma sociedade secularizada, porque muitas vezes o artista não é instruído suficientemente de maneira nobre".

Além disso, acrescentou o arcebispo, existe o trabalho de manutenção e tutela dos bens culturais, que apresenta diversas problemáticas, inclusive pela mudança de algumas concepções. Entre essas mudanças, ele citou a tutela prevista recentemente pela UNESCO também de bens imateriais, que representa uma conquista cultural.

A Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja foi criada a pedido do Papa João Paulo II, em 1989 – uma intuição que se insere em uma contínua sensibilidade que une os últimos pontífices até o Papa Bento XVI. (BF)

MENSAGEM DE BENTO XVI PARA O DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO

MENSAGEM DE BENTO XVI PARA O DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO

Cidade do Vaticano, 27 nov (RV)
– Leia a seguir o texto da Mensagem de Bento XVI para o 96º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que será celebrado em 17 de janeiro de 2010, sobre o tema: "Migrantes e refugiados menores de idade".

Queridos irmãos e irmãs

A celebração do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado oferece-me novamente a ocasião de manifestar a solicitude constante que a Igreja alimenta por aqueles que vivem, de vários modos, a experiência da emigração. Trata-se de um fenómeno que, como escrevi na Encíclica Caritas in veritate, impressiona pelo número de pessoas envolvidas, pelas problemáticas sociais, económicas, políticas, culturais e religiosas que levanta, pelos desafios dramáticos que apresenta às comunidades nacionais e internacional. O migrante é uma pessoa humana com direitos fundamentais inalienáveis que devem ser respeitados sempre e por todos (cf. n. 62). O tema deste
ano, «Os migrantes e os refugiados menores», refere-se a um aspecto que os cristãos avaliam com grande atenção, recordando-se da admoestação de Cristo, que no juízo final considerará referido a Ele mesmo tudo o que é feito ou negado «a um só destes pequeninos» (cf. Mt 25, 40.45). E como não considerar entre os «pequeninos» também os migrantes e refugiados menores? O próprio Jesus, quando era criança, viveu a experiência do migrante porque, como narra o Evangelho, para fugir às ameaças de Herodes, teve que se refugiar no Egipto juntamente com José e Maria (cf. Mt 2, 14). Embora a Convenção dos Direitos da Criança afirme com clareza que deve ser sempre salvaguardado o interesse do menor (cf. art. 3), ao qual se devem reconhecer os direitos fundamentais da pessoa ao mesmo nível do adulto, infelizmente na realidade isto não acontece.

Com efeito, enquanto aumenta na opinião pública a consciência da necessidade de uma acção pontual e incisiva em protecção dos menores, de facto muitos são abandonados e, de vários modos, encontram-se em perigo de exploração. Da condição dramática em que eles vivem fez-se intérprete o meu venerado Predecessor, João Paulo II, na mensagem enviada a 22 de Setembro de 1990 ao Secretário-Geral das Nações Unidas, por ocasião do Encontro Mundial para as Crianças. «Sou testemunha – ele escreveu – da condição lancinante de milhões de crianças de todos os continentes. Elas são mais vulneráveis, porque menos capazes de fazer ouvir a sua voz» (Insegnamenti XIII, 2, 1990, pág. 672). Formulo votos de coração para que se reserve a justa atenção aos migrantes menores, necessitados de um ambiente social que permita e favoreça o seu desenvolvimento físico, cultural, espiritual e moral. Viver num país estrangeiro sem pontos de referência efectivos cria-lhes, especialmente àqueles que estão desprovidos do apoio da família, inúmeros e por vezes graves incómodos e dificuldades.

Um aspecto típico da migração de menores é constituído pela situação dos jovens nascidos nos países receptores, ou então por aquela dos filhos que não vivem com os pais emigrados depois do seu nascimento, mas que se reúnem a eles sucessivamente. Estes adolescentes fazem parte de duas culturas, com as vantagens e as problemáticas ligadas à sua dúplice pertença, condição esta que todavia pode oferecer a oportunidade de experimentar a riqueza do encontro entre diferentes tradições culturais. É importante que lhes seja oferecida a possibilidade da frequência escolar e da sucessiva inserção no mundo do trabalho, e que seja facilitada a integração social graças a oportunas estruturas formativas e sociais. Nunca se esqueça que a adolescência representa uma etapa fundamental para a formação do ser humano.

Uma categoria particular de menores é a dos refugiados que pedem asilo, fugindo por vários motivos do próprio país, onde não recebem uma protecção adequada. As estatísticas revelam que o seu número está a aumentar. Por conseguinte, trata-se de um fenómeno que deve ser avaliado com atenção e enfrentado com acções coordenadas, com oportunas medidas de prevenção, de salvaguarda e de acolhimento, segundo quanto prevê também a própria Convenção dos Direitos da Criança (cf. art. 22).

Dirijo-me agora particularmente às paróquias e às muitas associações católicas que,
animadas por um espírito de fé e de caridade, envidam grandes esforços para ir ao encontro das necessidades destes nossos irmãos e irmãs. Enquanto exprimo gratidão por quanto se está a realizar com grande generosidade, gostaria de convidar todos os cristãos a tomar consciência do desafio social e pastoral que apresenta a condição dos menores migrantes e refugiados. Ressoam no nosso coração as palavras de Jesus: «Era peregrino e recolhestes-me» (Mt 25, 35), assim como o mandamento central que Ele nos deixou: amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente, mas unido ao amor ao próximo (cf. Mt 22, 37-39). Isto leva-nos a considerar que cada uma das nossas intervenções concretas deve nutrir-se antes de tudo de fé na acção da graça e da Providência divina. De tal modo, também o acolhimento e a solidariedade para com o estrangeiro, especialmente se se trata de crianças, torna-se anúncio do Evangelho da solidariedade. A Igreja proclama-o, quando abre os seus braços e trabalha para que sejam respeitados os direitos dos migrantes e dos refugiados, estimulando os responsáveis das Nações, dos Organismos e das Instituições internacionais, a fim de que promovam iniciativas oportunas em seu benefício. Vele materna sobre todos a Bem-Aventurada Virgem Maria, e ajude-nos a compreender as dificuldades daqueles que estão distantes da própria pátria. A quantos estão empenhados no vasto mundo dos migrantes e refugiados, asseguro a minha oração e concedo de coração a Bênção Apostólica.

Vaticano, 16 de Outubro de 2009.

A liberdade de optar pelo melhor


A liberdade de optar pelo melhor

A liberdade de arbítrio é uma faculdade que Deus concebeu ao homem
Costuma-se definir a liberdade como a capacidade de tomar posições espontâneas diante do bem e do mal, sem ser arrastado à força para um nem para outro. Embora sempre tenha sido considerada pelo homem como um valor muito precioso, o mundo pré-cristão via a liberdade como privilégio de alguns. Mas o Cristianismo universalizou a ideia de liberdade, tanto que Sã Paulo disse que todo homem é chamado por Deus a ser livre (cf. Gál. 5,1).

Assim, enquanto o pensamento ateu considera a religião como um ataque à liberdade, sabemos que, historicamente, a verdadeira ideia de liberdade tem influência cristã, tornando-a inseparável da própria fé, porque só o homem livre é capaz de escutar a Deus. No entanto, é preciso que o homem se abra para conhecer o verdadeiro sentido de liberdade, o qual tem estado sujeito a más interpretações de sua parte.

Sabemos que o livre-arbítrio consiste na capacidade que o homem tem de se autodeterminar, de contribuir com a sua própria história, tornando-se, de certa forma, responsável pelo próprio destino. Por ela, o homem pode decidir diante de todos os apelos que encontra no caminho de sua existência e escolher, baseado no seu conhecimento e vontade, assumindo a responsabilidade de suas decisões, entre o bem e o mal.

A liberdade de arbítrio é uma faculdade que Deus concebeu ao homem, como participação na Sua própria liberdade, a fim de que este pratique o bem voluntariamente e não como autômato. Deus é livre para me convidar e até para me conduzir, e eu sou livre para aceitar, uma vez que minha liberdade de resposta encontra sua fonte na liberdade que o Senhor teve de me escolher. Mas não podemos nos esquecer de que Deus é o Criador, conhecedor de minhas necessidades muito mais do que eu mesmo, e de que eu sou uma criatura, limitada no meu modo de ver e julgar. Sobretudo, não podemos nos esquecer de que a capacidade de optar nos foi dada por Ele para o nosso próprio crescimento e para o crescimento da comunidade humana e não para a nossa destruição ou para a destruição do outro.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

As sete faces do amor - Artigo Dom Orlando Brandes Arcebispo de Londrina - PR


As sete faces do amor

Nosso sucesso está em amar os outros
Estas reflexões estão fundamentadas em G. Chapman, no livro “O Amor como Estilo de Vida”. Ser amado, deixar-se amar, crer no Amor de Deus constituem a alegria de viver. Só os amados mudam. O amor é uma força transformadora e propulsora. Nosso sucesso está em amar os outros. O amor não é só uma emoção, mas, decisão, atitude, ação. Portanto, decidimos amar, escolhemos amar, optamos por amar. É preciso esforço para sermos pessoas capazes de amar.

Eis as sete faces do amor:

1. A gentileza. É a alegria de ajudar os outros, ou ainda, é reconhecer e acolher com afeto as necessidades dos demais. A gentileza transforma encontros em relacionamentos. A pessoa gentil quer servir o próximo porque o valoriza e o respeita como pessoa. Gentileza é gesto de amor altruísta e por isso transforma as pessoas. As palavras gentis têm grande poder de cativar e até de curar porque expressam reconhecimento, respeito, atenção pelo outro, são palavras construtivas, cativantes, salvadoras. A gentileza faz bem para nós e para os outros, causa-nos alegria e dá importância aos outros.

Gentileza é cortesia, generosidade, respeito, amabilidade. Os gestos mais comuns da gentileza são: agradecer, ajudar, saudar, informar, sorrir, atender, elogiar, pedir desculpas.

2. A paciência. Consiste em compreender e aceitar as imperfeições dos outros. É permitir a alguém ser imperfeito. É entender o que se passa dentro do outro, acolher seus sentimentos e os motivos de suas atitudes. Paciência não é concordar, é compreender; não julgar e não condenar. Nossa paciência permite ao outro crescer, mudar, ter nova chance para melhorar.

Quem tem consciência das próprias imperfeições e cultiva um espírito positivo, tem condições de ser paciente. A humildade nos torna pessoas dotadas de paciência, porque saímos de nós mesmos, sofremos com a situação dos outros e os acolhemos.

3. O perdão. Perdoar não é fácil, mas é atitude sábia e saudável. Quem perdoa oferece ao ofensor a chance de ele melhorar. O perdão nos livra de doenças, insônias, vinganças, ódios, que são sentimentos destrutivos, e possibilita a convivência, a saúde e a felicidade. Perdoar é reencontrar a alegria, a paz interior e social. Perdoar é ter amor de mãe, amor sem medidas, amor de misericórdia que reata amizades e relacionamentos. Quem perdoa faz bem a si mesmo, compreende as limitações alheias e constrói a reconciliação e a paz social.

4. A cortesia. Significa tratar os outros como amigos porque toda pessoa é digna, original, única, valiosa. A cortesia no trânsito, no ônibus, nas filas, no relacionamento com os vizinhos, no dedicar tempo aos outros, no receber bem os que chegam, no saber agradecer, prestrar atenção, pedir desculpas, são inestimáveis gestos de amor. No cotidiano podemos praticar a cortesia por meio de uma conversa; pedir licença, ajudar idosos ou alguém em dificuldades, aceitar as incompreensões dos outros.

5. A humildade. É saber reconhecer os próprios valores e imperfeições e acolher os valores e fraquezas dos demais. Humildade é autenticidade, verdade e realismo. A palavra "humildade" vem de "húmus" (barro, terra), que é a raiz da palavra “homem”. Somos todos de barro. A humildade está nessa igualdade de dignidade, na irmandade que formamos a partir do barro, do pó e até da lama. Aceitar a ajuda dos outros, reconhecer os erros, afirmar os valores dos outros, alegrar-se com o sucesso de nossos próximos e de seu bem-estar, tudo isso é humildade.

6. A generosidade. Define-se pela doação aos outros, é o amor que se doa, que sabe servir, dedicar tempo aos demais, ter a coragem do desapego de si e das coisas para partilhar. A generosidade é gêmea da solidariedade, da dádiva, do dom. "Há mais alegria em se doar que em receber", ensina a Palavra de Deus. A pessoa generosa é capaz de renúncias e de sacrifícios pelo bem alheio.

7. A honestidade. É dizer a verdade com amor, não inventar desculpas para justificar os próprios erros, falar os próprios sentimentos e emoções, aceitar as limitações pessoais, como também os dons, as qualidades, os sucessos. A integridade da pessoa honesta está na veracidade das palavras, na transparência das atitudes, no compromisso com a verdade.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

PAZ NO ORIENTE MÉDIO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO NORTEIAM ENCONTRO DO PAPA COM PREMIER DO KUWAIT

PAZ NO ORIENTE MÉDIO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO NORTEIAM ENCONTRO DO PAPA COM PREMIER DO KUWAIT

Cidade do Vaticano, 23 nov (RV) - Bento XVI iniciou as suas atividades desta segunda-feira recebendo em audiência esta manhã, no Vaticano, o primeiro-ministro do Kuwait, o xeque Nasser Mohammad Al-Ahmad Al-Sabah, acompanhado de uma comitiva.

Em seguida, o líder kuwaitiano encontrou-se com o cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone, acompanhado do secretário das Relações com os Estados, o arcebispo Dominique Mamberti.

Segundo comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, "durante os cordiais colóquios foram recordadas as ótimas relações bilaterais de mais de quarenta anos entre a Santa Sé e o Kuwait e passaram em resenha alguns temas de interesse comum, com referência particular à promoção da paz e do diálogo inter-religioso na área do Oriente Médio".

Em seguida, foi destacada a contribuição positiva que a minoria cristã dá à sociedade kuwaitiana, ressaltando a assistência pastoral necessária a tal comunidade. (RL)

sábado, 21 de novembro de 2009

JOSÉ DE ANCHIETA E OS NEGROS AFRICANOS NO BRASIL

EDITORIAL DA SEMANA: JOSÉ DE ANCHIETA E OS NEGROS AFRICANOS NO BRASIL

Cidade do Vaticano, 21 nov (RV) - Neste ano em que o Santo Padre foi à África, em que tivemos o Sínodo especial para esse Continente e o corpo diplomático brasileiro, que está em Roma, promoveu um colóquio sobre o Pe. Anchieta, o Dia da Consciência Negra deste ano não poderia deixar de ser comemorado à luz da ação pastoral do Apóstolo do Brasil.

Muito se ouve falar de que José de Anchieta não conheceu, não conviveu com os negros africanos, mas apenas com os indígenas. Contudo pelo menos três de suas cartas, quando era Provincial do Brasil, dirigidas ao Pe. Geral Cláudio Acquaviva, uma escrita em 1582 e duas em 1584, nos provam o contrário:

Anchieta conviveu com os africanos e cuidou de sua catequização, batismo e vida espiritual. Ele fala do tratamento dado aos escravos vindos da Guiné e diz que só em 1582 entraram mais de dois mil, só em Salvador. Ele comenta o estado de saúde, o trabalho catequético desenvolvido com os que sobreviveram à travessia, a criação da Confraria do Rosário. Nas fazendas, engenhos e vilas realizava-se um trabalho pastoral.

Anchieta escreve que nas missões com os africanos, em 1584, 190 foram batizados, 160 se uniram pelo sacramento do matrimônio e foram ouvidas 5. 307 confissões. Portanto, a conscientização da dignidade da raça negra e o olhar para homens e mulheres - a ela pertencentes - como filhos de Deus, foi o tratamento dado por Anchieta, desde 1582, quando encontrou, no Brasil, os africanos.

Anchieta amou a todos como filhos do único Pai. Devotou-se também ao trabalho com os negros e amou a raça negra como um dom do Criador à Humanidade.

Pe. Cesar Augusto dos Santos, S.J.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A promoção da Paz - Artigo do Padre Orlando Maffei

A promoção da Paz - Artigo do Padre Orlando Maffei


A paz é mera ausência de guerra, nem se reduz a um equilíbrio entre as forças adversárias nem se origina de um domínio tirânico, mas com toda a propriedade se chama obra da justiça (Is 32, 17). É fruto da ordem, inserida na sociedade humana por seu divino fundador e a ser realizada de modo sempre mais perfeito pelos homens que têm sede de justiça. Em seus fundamentos o bem comum do gênero humana é regido pela lei eterna. Contudo, nas contingências concretas, está sujeito a incessantes mudanças com o decorrer dos tempos. Por isso a paz nunca é conquistada de uma vez para sempre; deve ser continuamente construída. Além disto, sendo a vontade humana volúvel e marcada pelo pecado, a busca da paz exige de cada um o constante domínio das paixões e a atenta vigilância da autoridade legítima.
Isto porém, não basta. Aqui na terra não se pode obter a paz a não ser que seja salvaguardado o bem das pessoas e que os homens comuniquem entre si, com confiança e espontaneidade, suas riquezas de coração e de inteligência. Vontade firme de respeitar a dignidade dos outros homens e povos, ativa fraternidade na construção da paz, são coisas absolutamente necessárias. Deste modo a paz será também fruto do amor, que vai além do que a justiça é capaz de proporcionar. Pois a paz terrena, oriunda do amor ao próximo, é figura e resultado da paz de Cristo, provinda de Deus Pai. Seu Filho encarnado, príncipe da paz, pela cruz reconciliou os homens com Deus. E recompondo a unidade de todos em um só povo e um só corpo, em sua carne destruiu o ódio (cf. Ef 2, 16; Cl 1,20.22), e exaltado pela ressurreição, infundiu nos corações o Espírito da caridade.
É a razão por que todos os cristãos são insistentemente chamados a que, vivendo a verdade na caridade (cf. Ef 4,15), se unam aos homens verdadeiramente pacíficos, a fim de implorar e estabelecer a paz. Movidos pelo mesmo espírito, queremos louvar calorosamente aqueles que renunciam á ação violenta para reivindicar seus direitos e recorrem aos meios de defesa, que de resto estão ao alcance dos mais fracos também, contanto que isto não venha lesar os direitos e deveres de outros ou da comunidade.

Da Constituição Pastoral Gaudium

Artigo do Padre Orlando Maffei

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

As Universidades Católicas hão-de promover "uma nova síntese humanística", diz o Papa

As Universidades Católicas hão-de promover "uma nova síntese humanística", "um saber iluminado pela fé": Bento XVI recebendo participantes na assembleia da Federação Internacional das Universidades Católicas

(19/11/2009) A “função insubstituível” das Universidades Católicas “na Igreja e na sociedade” foi recordar por Bento XVI ao receber nesta quinta-feira os participantes na assembleia geral da FIUC – a Federação Internacional das Universidades Católicas, nos 60 anos do reconhecimento, da parte da Santa Sé, do estatuto deste organismo e a 30 anos da publicação, por João Paulo II, da Constituição Apostólica “Sapientia christiana”, sobre as Universidades Católicas.
O Papa recordou que já o Concílio Vaticano II tinha encorajado as Faculdades eclesiásticas a “aprofundar os vários campos das ciências sagradas”, e isso para “conhecer cada vez mais profundamente a Revelação, explorar o tesouro da sapiência cristã, favorecer o diálogo ecuménico e inter-religioso”, respondendo assim também aos “problemas que emergem no âmbito cultural”. A Declaração “Gravissimum educationis” recomendava que se criassem Universidades Católicas nas diversas regiões do mundo, assegurando-lhes bom nível qualitativo, e isso para “formar pessoas versadas no saber, prontas a testemunharem a sua fé no mundo, desempenhando tarefas de responsabilidade na sociedade”.
Este convite do Concílio encontrou vasto eco – registou com apreço o Papa: hoje em dia há mais de 1.300 Universidades Católicas, difundidas por todos os continentes. Muitas delas foram criadas nas últimas décadas, confirmando a “crescente atenção das Igrejas particulares à formação de eclesiásticos e leigos na cultura e na investigação”.

Por sua vez a Constituição apostólica Sapientia christiana (1989) sublinhava “a urgência, sempre actual, de superar a clivagem existente entre fé e cultura, convidando a um maior empenho na evangelização, na firme convicção de que a Revelação cristã é uma força transformante, destinada a permear os modos de pensar, os critérios de juízo, as normas de acção”. “Ponto central do ensino e da investigação” das Universidades Católicas, “horizonte clarificador da natureza e das finalidades de cada Faculdade eclesiástica” é a certeza de que a Revelação divina é capaz de “iluminar, purificar e renovar os costumes dos homens e as suas culturas”. Há que encorajar, portanto, “os contactos dos diversos campos do saber, em vista de um diálogo frutuoso, sobretudo para oferecer um precioso contributo à missão que a Igreja está chamada a desempenhar no mundo”.

“Na sociedade de hoje, em que a consciência se torna cada vez mais especializada e sectorial, mas está profundamente marcada pelo relativismo, torna-se cada vez mais necessário abrir-se à sapiência que vem do Evangelho. De facto, sem Jesus Cristo, o homem é incapaz de compreender-se a si mesmo e ao mundo. Só Ele ilumina a sua verdadeira dignidade, a sua vocação, o seu destino último, abrindo o coração a uma esperança sólida e duradoura”.

Evocando as suas recentes catequeses, das audiências gerais, sobre a teologia monástica medieval, Bento XVI sublinhou uma vez mais a importância de “nunca desligar o estudo das ciências sagradas da oração, da união com Deus, da contemplação”, caso contrário “as reflexões sobre os mistérios divinos correm o risco de se tornarem num vão exercício intelectual”.
A concluir, o Papa recordou o lema da Federação Internacional das Universidades Católicas “Sciat ut serviat” – “saber para servir”:

“Numa cultura que manifesta uma falta de sapiência, de reflexão, de pensamento capaz de operar uma síntese orientadora, as Universidades Católicas, fiéis à própria identidade, que faz da inspiração cristã um ponto qualificante, estão chamadas a promover uma nova síntese humanística, um saber que seja sabedoria capaz de orientar o homem à luz dos princípios fundamentais e dos fins últimos – um saber iluminado pela fé”.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Volte para o Senhor - Artigo de Cláudio Henrique (o nosso Claudinho)


"Alô meu Deus fazia tanto tempo que não mais te procurava. Alô meu Deus, senti saudades suas, e acabei voltando aqui (...) Voltei arrependido, mas volto convencido que este é o meu lugar. Eu não me acostumei, nas terras onde andei". (Trecho da música "Alô, meu Deus", de padre Zezinho)

Amigo leitor. Hoje quero convidá-lo a uma reflexão fundamental para a vida espiritual: o perdão. Mas desta vez destacaremos este sentimento de acordo com a misericórdia que Deus tem por cada de um de seus filhos, mesmo quando eles se rebelam e tomam rumo diferente dos projetos do Pai.

Para isso, vamos refletir a passagem do Filho Pródigo, a qual se encontra no Evangelho de Lucas no capítulo 15, versículos de 11 a 32. Esta é uma das parábolas (histórias) mais comoventes que Jesus revela para nos ensinar acerca da misericórdia pura e infinita de Deus por nós, mesmo quando estamos plenamente caídos no equívoco.

Quantos de nós já não fraquejamos diante de Deus, tal como aquele filho que pediu a parte de sua herança? Em casos de adversidade é conveniente do ser humano reclamar e se revoltar contra o Senhor, se esquecendo assim que o tempo do Pai é justo e se revela na hora correta e necessária.

O caminho sem Jesus é uma estrada cheia de ciladas e ilusões passageiras. Quando não traçamos o projeto do Pai estamos sujeitos a cair no desengano dos prazeres de momento. O pecado fez com que aquele filho deixasse sua casa e se aventurasse em uma realidade atraente, porém insignificante com o passar do tempo. O resultado desta "liberdade" é sempre o mesmo: a sujeira espiritual, ou seja, a consciência pesada e desprovida de discernimento entre o certo e o errado.

Como você reagiria ao ver uma pessoa amada jogada às traças do pecado? Certamente as respostas são diversas, mas aquele pai não pensou duas vezes ao ver o filho retornar em frangalhos: deu-lhe um abraço peculiar e perdoou suas faltas, propondo assim uma vida nova, enterrando o passado e atenta ao presente sóbrio. Por mais difícil que seja é assim que somos chamados a agir.

Jesus nos ensina que o pastor fica feliz quando uma ovelha dentre 99 volta para o rebanho. Assim como aquele pai que festejou a volta do filho pródigo, Deus prepara uma verdadeira festa quando determinada pessoa volta para o caminho da vida. Ele não faz julgamentos e tampouco "joga na cara" os erros, mas acolhe com um abraço forte e sincero aquele que se converte ou é reconduzido na fé.

Por fim, tenha a certeza que o amor de Deus é muito maior que os nossos pecados e falhas. O Senhor repudia o pecado, mas não o pecador, tal como cantado na música "Eu Espero", do padre Fábio de Melo: "Que eu espero por você/E não me canso de esperar/A porta aberta vou deixar/ Se quiser pode voltar/ Meu coração se alegrará/ Quando você se aproximar".

As catedrais, gloria da Idade Média cristã, recordam-nos que a senda da beleza, é um caminho para nos aproximarmos do Mistério de Deus

As catedrais, gloria da Idade Média cristã, recordam-nos que a senda da beleza, é um caminho privilegiado e fascinante para nos aproximarmos do Mistério de Deus

(18/11/2009) As obras primas de arte são incompreensíveis se não se tem em conta a alma religiosa que as inspirou e por isso entre fé e arte existe uma sintonia profunda: afirmou Bento XVI durante a audiência geral desta quarta feira na Aula Paulo VI perante cerca de 8.000 pessoas, recordando o encontro com os artistas programado para o próximo sábado dia 21.
Quando a fé celebrada na liturgia encontra a arte - observou o Papa dedicando a sua catequese á beleza e ao significado das grandes catedrais europeias – revela-se uma sintonia profunda, porque ambas podem e querem falar de Deus, tornando visível o invisível. Um pensamento que Bento XVI disse querer partilhar com os artistas que encontrará no próximo sábado na Capela Sistina, uma proposta de amizade entre espiritualidade cristã e arte, já cultivada por Paulo VI e João Paulo II e que o actual pontífice deseja reiterar
Estas as palavras de Bento XVI falando em português.
Queridos irmãos e irmãs,
Fruto de uma profunda harmonia entre a fé cristã e a cultura, a Idade Média viu nascer uma das maiores criações artísticas da civilização universal: as igrejas e catedrais românicas e góticas. A partir do século IX, surgem as sólidas construções românicas caracterizadas pelo aumento das dimensões longitudinais e pelas suas abóbadas em pedra com traços simples e essenciais. Nos séculos XII e XIII, chega-se às majestosas catedrais góticas, que se distinguem das românicas pela altura esguia das construções e a sua luminosidade. O objetivo era traduzir, através das suas linhas arquitetônicas, o desejo de Deus no coração do homem. Contemplando a força do estilo românico e o esplendor do gótico, adentramo-nos na senda da beleza, que é um caminho privilegiado e fascinante para nos aproximar do Mistério de Deus.

Apelo do Papa à Comunidade internacional para que se multipliquem os esforços para responder de modo adequado aos dramáticos problemas da infância

(18/11/2009) Nas palavras dirigidas em italiano a diversos grupos presentes, Bento XVI reservou uma especial saudação aos participantes na Assembleia Plenária da Congregação para a Evangelização dos Povos, presidida pelo Cardeal Ivan Dias. O Papa exprimiu a sua “viva gratidão pelo generoso empenho” com que actuam “a favor da difusão da mensagem evangélica”. Confiando à protecção de Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos, esta Plenária, Bento XVI invocou a materna assistência de Nossa Senhora sobre todos os que se encontram envolvidos na acção missionária em todos os cantos da terra”.
A concluir, o Santo Padre recordou ainda a celebração, na próxima sexta-feira, da Jornada Mundial de Oração e Acção a favor das Crianças, por ocasião dos 20 anos da adopção da Convenção sobre os direitos da criança.
“Dirijo o meu pensamento a todas as crianças do mundo, especialmente as que vivem situações difíceis e sofrem por causa da violência, dos abusos, da doença, da guerra ou da fome.
Convido-vos a unir-vos a mim, na oração, ao mesmo tempo que dirijo um apelo à Comunidade internacional para que se multipliquem os esforços para responder de modo adequado aos dramáticos problemas da infância. Que não falte o generoso empenho de todos para que se reconheçam os direitos das crianças e se respeite cada vez mais a sua dignidade”.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Garantir a liberdade religiosa sem nenhuma restrição, foi o pedido do observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas.

(13/11/2009) A manipulação e o uso das religiões para fins políticos tornam o diálogo interreligioso um imperativo. Devem ser investigados os pilares teológicos dos vários credos religiosos, para promover uma compreensão recíproca Foi o que afirmou terça feira em Nova Iorque, durante a 64ª assembleia geral da ONU o observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas o arcebispo Celestino Migliore.
Há um século e meio, no inicio da revolução industrial, a religião era definida “o ópio dos povos”. Hoje, no contexto da globalização, é considerada cada vez mais “ a vitima dos pobres”. O contributo único das religiões, o diálogo e a cooperação- sublinhou D. Migliore – levam a elevar o espírito, a tutelar a vida, a responsabilizar os débeis. Contribuem para traduzir os ideais em acção, purificar as instituições, encontrar soluções para as injustiças e superar situações de conflito através da reconciliação.
É sabido – observou o prelado – que ao longo da historia, pessoas e lideres manipularam as a religiões. Da mesma maneira, movimentos ideológicos e nacionalistas viram nas diferenças religiosas uma oportunidade para recolher consensos. Recentemente, a manipulação e o uso não correcto da religião para fins políticos levaram a um debate nas Nações Unidas.
A Santa Sé efectuou uma serie de iniciativas para promover o diálogo entre confissões cristãs, com hebreus, budistas e hindus.
Este empenho tem como objectivo favorecer um maior respeito, uma compreensão e cooperação entre crentes de várias denominações. Tal empenho encoraja o estudo das religiões e promove a formação de pessoas empenhadas no diálogo. Os recentes acontecimentos sociais e políticos renovaram o empenho das Nações Unidas a integrar a reflexão para a construção de uma cultura baseada na compreensão interreligiosa.
Objectivo das Nações Unidas – concluiu o arcebispo Celestino Migliore – consiste em solicitar todos os segmentos da sociedade a reconhecer, a respeitar e a promover os direitos de cada pessoa. Tarefa da ONU é ajudar os Estados a assegurar plenamente, a todos os níveis, a actuação do direito á liberdade religiosa. Um empenho, reafirmado nos documentos das Nações Unidas que fazem referencia ao pleno respeito pela promoção não só da fundamental liberdade de consciência, mas também á pratica religiosa sem nenhuma restrição.

A «Educação para os Direitos Humanos» em debate no Fórum Lisboa 2009

(13/11/2009) A «Educação para os Direitos Humanos» está em debate no Fórum Lisboa 2009, que se realiza hoje e amanhã, no Centro Ismaili da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, em Lisboa.
A iniciativa do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa conta com a parceria da Aliança das Civilizações e reune representantes de Estado e organizações governamentais da Europa na definição de políticas e estratégias.
Criar uma cultura para os Direitos Humanos através da educação é o desafio desta iniciativa que junta governos, responsáveis parlamentares, autoridades locais e sociedade civil num fórum de acção que visa promover o diálogo, discutir estratégias, reforçar parcerias de actuação, partilhar experiências, gerar recomendações a nível europeu e promover novas formas de apoio à Educação para os Direitos Humanos.
O Fórum Lisboa 2009 é presidido por Jorge Sampaio, Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações.
O Fórum de Lisboa é uma plataforma para o diálogo e troca de experiências e boas práticas entre a Europa e outras regiões, particularmente o Médio Oriente, África e os países do Sul do Mediterrâneo.

A palavra de Deus é viva e eficaz. - Artigo Padre Orlando


A palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que uma espada de dois gumes (Hb 4,12). Quão grande seja o poder e quanta sabedoria na palavra de Deus, estas palavras o demonstram aos que buscam a cristo, que é o verbo, poder e sabedoria de Deus.Coeterno com o Pai no princípio, este verbo no tempo determinado revelou-se aos apóstolos e , por eles anunciado, foi humildemente recebido na fé pelos povos que crêem . Está, portanto, o verbo no Pai, o verbo nos lábios, o verbo no coração.

Esta palavra de Deus é viva; o Pai deu-lhe ter a vida em si mesmo, do mesmo modo como tem ele a vida em si mesmo. Por isto é não apenas viva, mas a vida, conforme ele disse a seu respeito: Eu sou o caminho a verdade e a vida (Jô 14,6). Sendo a vida , é vivo de forma a ser vivificante. Pois, como o Pai ressuscita os mortos e vivifica –os ,também o Filho vivifica a quem quer (Jô 5,21) . É vivificante ao chamar o morto do sepulcro: Lázaro , vem para fora (Jô 11,42.)

Quando esta palavra é pregada pela voz do pregador que se escuta no exterior, ele dá a esta voz a palavra de poder percebida interiormente. Por ela, os mortos revivem e com seus louvores são suscitados filhos de Abraão. É, portanto, viva esta palavra no coração do Pai, viva na boca do pregador, viva no coração daquele que crê e ama. Sendo assim viva , não há dúvida de ser também eficaz.

É eficaz na criação das coisas, eficaz no governo do mundo, eficaz na redenção do universo. Que de mais eficaz, de mais poderoso? Quem dirá seus portentos, fará ouvir todo o seu louvor? (Sl 105,2). É eficaz ao agir, eficaz ao ser anunciada. Pois não volta vazia, mas tem êxito em tudo a quanto é enviada.

Eficaz e mais penetrante do que a espada de dois gumes (Hb 4,12), quando é crida e amada. O que será impossível a quem crê, ou difícil a quem ama? Quando este verbo fala, suas palavras transpassam o coração quais setas agudas do poderoso. Como pregos profundamente cravados, entram e penetram até o mais íntimo. Porque é mais aguda do que a espada de dois gumes esta palavra, já que é mais poderosa do que a força e poder para abrir, e mais sutil do que a maior argúcia do engenho humano.Mais que toda sabedoria humana e a sutileza das palavras doutas, é ela penetrante.

Balduíno de Cantuária, bispo.

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