domingo, 28 de fevereiro de 2010

Bento XVI manifesta pesar por terremoto no Chile e pede orações


Da Redação, com Rádio Vaticano


O Papa Bento XVI manifestou neste domingo, 28, seu pesar às vítimas do terremoto de 8,8 graus na escala Richter que abalou o Chile no sábado, 27. O país conta com mais de 300 mortos até o momento.

O Santo Padre disse sentir-se próximo das pessoas atingidas pela grave calamidade; e implorou a Deus que lhes alivie o sofrimento e os encoraje, neste momento tão adverso. “Me sinto particularmente próximo à amada população chilena afetada por um grande terremoto em seu país. Em um momento como este, brota naturalmente uma oração ao Senhor para as vítimas de uma mensagem de encorajamento a todos para superar esta grande prova", ressaltou.

O Papa pediu orações e solidariedade, garantindo o apoio das organizações eclesiásticas às vítimas.

Cristãos iraquianos fazem protesto em silêncio

Domingo, 28 de fevereiro de 2010, 11h59
Rádio Vaticano

Bispos, sacerdotes, religiosos e leigos iraquianos realizam neste domingo, 28, em Mossul uma marcha de protesto, pacífica e silenciosa, contra o cotidiano massacre sofrido pela comunidade cristã, em meio à indiferença total das autoridades.

Dom Georges Casmoussa, arcebispo sírio-católico de Mossul, declarou que manifestações serão realizadas em Mossul e em outras dez cidades e aldeias cristãs do território circunstante. O arcebispo ressalta que a iniciativa não tem alguma motivação política ou eleitoral; mas exclusivamente religiosa, acrescentando que “os cristãos desejam apenas permanecer no Iraque, vivendo sua fé de modo pacífico”.

A data de hoje coincide com o segundo aniversário do seqüestro de Dom Paulos Faraj Rahho, bispo caldeu de Mossul, morto por terroristas islâmicos.

O patriarca da Igreja Caldeia, Cardeal Emmanuel III Delly, que visitou a cidade recentemente, expressou a sua solidariedade à comunidade cristã.

Papa convida cristãos a meditarem Palavra de Deus nesta quaresma


Da Redação, com Rádio Vaticano


''Jesus é a única voz que devemos ouvir, a única que devemos seguir. A sua Palavra, seja o critério que guia a nossa existência''
Com a conclusão neste sábado, 27, dos exercícios espirituais de Quaresma, junto a seus colaboradores, o Papa Bento XVI retornou neste domingo, 28, às suas atividades públicas, comparecendo à Praça São Pedro para rezar o Angelus com os fiéis.

Neste segundo domingo de Quaresma, o Papa discorreu sobre o episódio da Transfiguração, inspirando-se na liturgia de hoje, que reflete sobre o convite do Mestre, assim como consta no Evangelho de São Lucas: "Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me!" (Lc 9,23). "Este foi um evento extraordinário; um encorajamento na sequela de Jesus", disse Bento XVI.

Neste período de Quaresma, o Papa convidou todos a meditar assiduamente sobre o Evangelho. "Jesus é a única voz que devemos ouvir, a única que devemos seguir. A sua Palavra, seja o critério que guia a nossa existência", destacou Bento XVI.

O Santo Padre pediu ainda aos pastores que neste Ano Sacerdotal, "sejam realmente permeados pela Palavra de Deus, a conheçam profundamente e amem-na ao ponto que lhes dê vida e forme seu pensamento".

Iraque


Após a reflexão litúrgica e a oração mariana, o Papa dirigiu palavras de apelo às autoridades iraquianas e à comunidade internacional, em relação à delicada fase política que o Iraque está atravessando.

Aos políticos, o Pontífice pediu que façam todo esforço possível para que a população se sinta segura, de modo especial as minorias religiosas, mais vulneráveis.

Representantes e religiosos da Igreja iraquiana e de outras Igrejas do Oriente Médio encontraram-se esta manhã na Praça São Pedro para se manifestar em favor dos cristãos perseguidos, antes da oração do Angelus.

Dirigindo-se a eles, o Papa exortou também a comunidade internacional a esforçar-se em prol de um futuro de reconciliação e de justiça para os iraquianos, e invocou de Deus, todo-poderoso, o dom precioso da paz.

Bento XVI disse ter recebido com profunda tristeza as trágicas notícias de assassinatos de cristãos na cidade de Mossul e ter acompanhado com muita preocupação outros episódios de violência perpetrados contra pessoas indefesas, de diversas pertenças religiosas, no Iraque.

O Pontífice esclareceu que sua preocupação é por todas as pessoas injustamente perseguidas, não apenas pelos católicos. Bento XVI, que passou a última semana em retiro com a Cúria, revelou ter rezado bastante por todas as vítimas daqueles atentados. Neste sentido, disse unir-se à oração pela paz e pelo retorno da segurança, promovida pelo Conselho de Bispos de Nínive; e animou as comunidades cristãs do Iraque a “não se cansarem de ser fermento de bem pela pátria à qual, há séculos, pertencem plenamente”.

Enfim, Bento XVI alertou os políticos do país para que não cedam à tentação de priorizar interesses temporários e parciais em detrimento da incolumidade e dos direitos fundamentais da cidadania.

Chile


Em seguida, Bento XVI manifestou seu pesar pelas vítimas do terremoto de 8,8 graus na escala Richter que abalou o Chile no sábado, 27, e afirmou sentir-se próximo das pessoas atingidas pela grave calamidade. O Papa pediu orações e solidariedade, garantindo o apoio das organizações eclesiásticas às vítimas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Preparação para a Páscoa seja vivida a pensar na Humanidade

(26/2/2010) Em Portugal o bispo de Coimbra D. Albino Cleto pretende que o tempo de preparação para a Páscoa seja vivido a pensar na Humanidade.
“Este mundo europeu em que vivemos faz agora experiências dolorosas a que chamamos ‘crise’: crise de emprego, que provoca fome; crise de princípios, que destrói famílias; crise de valores, que gera infelicidade”, refere o documento intitulado “Quaresma em Igreja, ressurreição para o mundo”.
“Que ao longo de toda a Quaresma o nosso Mundo esteja no nosso coração. Por ele vamos rezar, praticar gestos amorosos de penitência, ofertas generosas de caridade”, indica o prelado.
O bispo de Coimbra sublinha que estas atitudes e comportamentos fazem parte de “um caminho para a Páscoa”.
Este percurso deve ser feito “não em piedoso individualismo mas em grupo”, através da “escuta da Palavra de Deus”, de “algumas privações de coisas que nos agradam”, da “oração mais frequente”, do “sacramento da Confissão”, da “participação na Eucaristia” e de “gestos de amor sincero aos irmãos, começando pelos que vivem e trabalham connosco”.
Este ano, a renúncia quaresmal da diocese de Coimbra destina-se a “aliviar o grande encargo financeiro que pesa sobre o Instituto Missionário dos Servos de Jesus Salvador”, no Brasil, do qual são originários alguns dos párocos da região do Baixo Mondego. Os fundos recolhidos contribuirão para adquirir o seu Seminário, localizado no estado de S. Paulo, que tem vindo a ser pago “penosamente”.

Vamos falar de dinheiro?

É preciso colocar a vida em primeiro lugar

A Quaresma, como sabemos, é um tempo propício para a nossa conversão, um período de renovação espiritual. Um tempo para "rever a vida", abandonar o que nos faz mal e viver o que Jesus recomendou: "Vigiai e orai, porque o espírito é forte, mas a carne é fraca".

Para nos ajudar ainda mais nesse período de conversão, revisão e renovação, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) incorporou, na Quaresma, a Campanha da Fraternidade (CF). Para aproveitarmos esse tempo forte de espiritualidade de forma melhor, a CF nos apresenta um tema específico para que, dessa forma, colhamos frutos bem práticos desse período de penitência e de conversão.

Neste ano a Campanha da Fraternidade nos propõe o tema: "Economia e Vida". E o lema: "Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro". Um assunto fundamental e que precisa ser colocado em pauta, não somente por causa das crises econômicas no mundo, mas por causa das propostas de mercado existentes e também para refletirmos como nós cristãos lidamos com nosso dinheiro no dia a dia.

Para muitas pessoas é um drama relacionar a vida de fé com a vida financeira. E para nos ajudar, a CNBB, juntamente com as demais Igrejas do CONIC, nos apresenta estratégias para trabalharmos esse assunto de modo mais eficiente, especialmente nesse período quaresmal. Vamos a elas.

Denunciar: mostrar abertamente os modelos econômicos que visam acima de tudo o lucro e não levam em consideração a vida das pessoas. É preciso denunciar as situações nas quais o interesse econômico se sobrepõe à defesa da vida.

Educar: é preciso colocar a vida em primeiro lugar. A economia deve ser colocada à disposição das pessoas e não as pessoas a serviço da economia. E uma educação também no âmbito pessoal. Para lidarmos com dinheiro é preciso responsabilidade e para isso é necessária a educação financeira.

Conclamar: que quer dizer agir. Espalhar essa notícia e convidar a outros tantos para participarem conosco dessa iniciativa. Promover também, por meio de ações políticas, sociais e pessoais situações que favoreçam a solidariedade nas propostas econômicas e o equilíbrio no uso pessoal do dinheiro.

Depois de perceber e demonstrar o que há de errado (denunciar); aprender a como lidarmos corretamente com o dinheiro (educar); resta-nos convidar a outros e agir da melhor maneira em relação à questão financeira (conclamar). Não é difícil. A Campanha da Fraternidade já nos dá as dicas de que passos seguir para entendermos de forma mais profunda e vivermos a nossa relação com o dinheiro segundo a perspectiva da fé cristã.

Que o Espírito Santo nos conceda o dom da coragem para vivermos a penitência quaresmal e ressuscitarmos com Cristo na Páscoa para uma vida nova, inclusive no âmbito financeiro.


Denis Duarte

Reaberto processo de beatificação de Bento XIII


O Papa Bento XIII, cujo pontificado foi de 1724 a 1730
Será reaberta a Causa de Beatificação do Papa Bento XIII (Pierfrancesco Orsini) 270 anos após sua morte.

O processo havia sido iniciado em 1931 e acabou voltando para a gaveta, à espera de esclarecimentos sobre o papel de seu secretário, Cardeal Niccolo' Coscia, que foi condenadoo a dez anos de prisão, por abuso de poder, imediatamente após a morte do Pontífice.

O Centro de Estudos "Bento XIII", de Gravina di Puglia, informou a publicação de um novo edito pelo Vicariato de Roma, que confirmou a informação. O documento, emitido pelo Vigário-geral do Tribunal Diocesano do Vicariato de Roma, cardeal Agostino Vallini, reaber oficialmente a Causa de Beatificação do Papa nascido em Gravina e já contatou todas as dioceses envolvidas.

Bento XVI teve um pontificado complexo, pois foi um Papa reformador e moralizador, sobretudo no confronto dos escândalos envolvendo o clero da época. O comportamento controverso do Cardeal Coscia não obscureu o trabalho de bento XII, mas novos documentos, entre os quais uma biografia publicada na Alemanha logo após sua morte, recentemente traduzida graças à dedicação do presidente do Centro de Estudos, padre Dom Xavier Paternoster, lançou uma nova luz sobre o pontificado do último dos Orsini.

Bento XIII impôs aos membros da Igreja sobriedade e retidão e, no Concílio de Latrão (1725), tomou uma posição firme contra a heresia jansenista francesa. Durante seu pontificado, inaugurou a escadaria da Piazza di Spagna, em Roma, e estabeleceu da Universidade de Camerino. Seus restos mortais estão sepultados em Roma, na Basílica de Santa Maria sopra Minerva.

A beleza da moral católica

Imagem de Destaque
O comportamento do cristão é uma resposta ao amor de Deus

A moral católica tem como objetivo levar o cristão à realização da sua vocação suprema que é a santidade. Ela tem como objetivo dirigir o comportamento do homem para o seu Fim Supremo que é Deus, que se revelou ao homem de modo especial em Jesus Cristo e sua Igreja.

A Moral vai além do Direito que se baseia em leis humanas; mas nem sempre perscruta a consciência. Pode acontecer de alguém estar agindo de acordo com o Direito, mas não de acordo com a consciência. Nem tudo que é legal é moral.

A Moral cristã leva em conta que o pecado enfraqueceu a natureza humana e que ela precisa da graça de Deus para se libertar de suas tendências desregradas e viver de acordo com a vontade de Deus.

Portanto, a Moral cristã e a Religião estão intimamente ligadas, tendo como referência Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Ser cristão é viver em comunhão com Cristo, vivendo Nele, por Ele e para Ele. É de dentro do coração do cristão que nasce a vontade de viver a “Lei de Cristo”, a Moral cristã, e isto é obra do Espírito Santo. Não é um peso, é uma libertação.

O comportamento do cristão é uma resposta ao amor de Deus. Dizia S. João da Cruz que “amor só se paga com amor”.

“Deus é amor” (1Jo 4, 16) e Ele “nos amou primeiro” (1Jo 4, 19).

Ninguém deve viver a Lei de Cristo, por medo, mas por amor ao Senhor que desceu do céu, e imolou-se por cada um de nós. Nosso amor a Deus não deve ser o amor do escravo que lhe obedece por medo do castigo, e nem do mercenário que o obedece por amor ao dinheiro, mas sim o amor do filho que obedece ao pai simplesmente porque é amado por ele.

São Paulo dizia: “O amor de Cristo me constrange” (2Cor 5,14).

Ninguém será verdadeiramente espiritual enquanto não viver a lei de Deus simplesmente por amor a Deus e não por medo de castigos.

Por outro lado, devemos viver a lei de Deus porque ela é, de fato, o caminho para a nossa verdadeira felicidade. Ele nos ama e é Deus; não erra e não pode nos enganar; logo, sua Lei, é o melhor para nós.

Quem não obedece ao catálogo do projetista de uma máquina, acaba estragando-a; assim, quem não obedece a Lei de Deus, acaba destruindo a sua maior obra que é a pessoa humana.

A Lei de Cristo se resume em “amar a Deus e amar ao próximo como a si mesmo” (cf. Mt 22, 37-40). Mas esse amor ao próximo não é apenas por uma questão de simpatia ou afinidade com ele, mas pelo exemplo de Cristo, que “nos amou quando ainda éramos pecadores”, como disse S. Paulo. Por isso, o cristão odeia o pecado mas sempre ama o pecador. A Igreja ensina que não se deve impor a verdade sem caridade, mas também não se deve sacrificar a verdade em nome da caridade.

Deus sempre exigiu do povo escolhido, consagrado a Iahweh (Dt 7,6; 14,2.21), a observância das Suas Leis, para que este povo fosse sempre feliz e abençoado.

“Observareis os mandamentos de Iahweh vosso Deus tais como vo-los prescrevo” (Dt 4,2).

“Iahweh é o único Deus... Observa os seus estatutos e seus mandamentos que eu hoje te ordeno, para que tudo corra bem a ti e aos teus filhos depois de ti, para que prolongues teus dias sobre a terra que Iahweh teu Deus te dará, para todo o sempre” (Dt 14,40).

Deus tem um grande ciúme do seu povo, e não aceita que este deixe de cumprir suas Leis para adorar os deuses pagãos.

“Eu, Iahweh teu Deus, sou um Deus ciumento...” (Dt 5,9).

O Apóstolo São Tiago, lembra-nos esse ciúme de Deus por cada um de nós, ao dizer que:

“Sois amados até ao ciúme pelo Espírito que habita em vós” (Tg 4,5).

Deus não aceita ser o segundo na nossa vida, Ele exige ser o primeiro, porque para Ele cada um de nós é o primeiro.

Esse amor a Deus se manifesta exatamente na obediência aos mandamentos: “Andareis em todo o caminho que Iahweh vosso Deus vos ordenou, para que vivais, sendo felizes e prolongando os vossos dias na terra que ides conquistar” (Dt 5,33).

E as bençãos que Deus promete são abundantes:

“Se de fato obedecerdes aos mandamentos que hoje vos ordeno, amando a Iahweh vosso Deus e servindo-o com todo o vosso coração e com toda a vossa alma, darei chuva para a vossa terra no tempo certo: chuvas de outono e de primavera. Poderás assim recolher teu trigo, teu vinho novo e teu óleo; darei erva no campo para o teu rebanho, de modo que poderás comer e ficar saciado” (Dt 11.13-15; Lv 26; Dt 28).

Jesus disse aos Apóstolos: “Se me amais guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,23).

“Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai ...“ (Mt 7,21) .

O nosso Papa Bento XVI tem falado do perigo da “ditadura do relativismo”. Na homilia que proferiu na missa que precedeu o início do Conclave que o elegeu, ele deixou claro as suas maiores preocupações:

“...que nos tornemos adultos em nossa fé. Não devemos permanecer crianças na fé, em estado de menoridade. Em que consiste sermos crianças na fé? Responde São Paulo: “Significa sermos arrastados para lá e para cá por qualquer vento doutrinário. Uma descrição muito atual!””

“Quantos ventos doutrinários experimentamos nesses últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamentos... O pequeno barco do pensamento de muitos cristãos se viu freqüentemente agitado por essas ondas arremessado de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, e até mesmo a libertinagem; do coletivismo ao individualismo radical; do agnosticismo ao sincretismo, e muito mais. A cada dia nascem novas seitas, e as palavras de São Paulo sobre a possibilidade de que a astúcia nos homens, seja causa de erros são confirmadas.”

“Ter uma fé clara, de acordo com o Credo da Igreja, muitas vezes foi rotulado como fundamentalista. Enquanto que o relativismo, ou seja, o deixar-se levar «guiados por qualquer vento de doutrina», parece ser a única atitude que está na moda. Vai-se construindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que só deixa como última medida o próprio eu e suas vontades. Nós temos outra medida: o Filho de Deus, o verdadeiro homem. Ele é a medida do verdadeiro humanismo. «Adulta» não é uma fé que segue as ondas da moda e da última novidade; adulta e madura é uma fé profundamente arraigada na amizade com Cristo.”

O relativismo religioso é aquele em que cada um faz a “sua” própria doutrina moral, e não mais segue os Mandamentos dados por Deus. E quem não age segundo esta perversa ótica, é então menosprezado e chamado de retrógrado, obscurantista, etc.

Mas a Igreja nunca trairá o seu Senhor. Demos graças a Deus por este novo Pedro que Ele pos à frente do Seu Rebanho! Caminhemos com alegria e coragem, pois: “Ubi Petrus, ibi Ecclesia, ubi Ecclesia ibi Christus” – Onde está Pedro está a Igreja, onde está a Igreja está Jesus Cristo. (São Basílio Magno)

Viver a Moral católica é ser fiel a Jesus Cristo e a tudo o que Ele ensina através da sua Igreja.


Felipe Aquino

Papa em Portugal: equipe do Vaticano prepara a viagem

Rádio Vaticano

Os preparativos da visita que Bento XVI fará a Portugal entre 11 e 14 de maio continuam.

Uma equipe do Vaticano, responsável por preparar as viagens do papa, terminou ontem uma vistoria de três dias para estudar questões de segurança e de organização.

Segundo o site oficial da visita (www.bentoxviportugal.pt), na terça-feira, 23, os especialistas do Vaticano se reuniram em Lisboa, na sede da nunciatura apostólica, com membros da Comissão Organizadora da Visita, que é presidida pelo Bispo Auxiliar de Lisboa, Dom Carlos Azevedo.

A seguir, a equipe participou de uma reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros com representantes do Protocolo de Estado e das Forças de Segurança (PSP e GNR).

Com o mesmo objetivo, a delegação liderada por Alberto Gasbarri, que é também Diretor Administrativo da Rádio Vaticano, esteve na quarta-feira em Fátima e na cidade do Porto, reunindo-se com os responsáveis locais pela organização e segurança da visita.

Já na quarta-feira, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou, por unanimidade, a atribuição da Chave de Honra da Cidade a Bento XVI, a ser entregue durante a visita do Pontífice à cidade. A justificativa é o "importante papel que a Igreja Católica desempenha na sociedade portuguesa".

"Enquanto Bispo de Roma, constitui uma referência para todos os católicos e assume uma importância inquestionável, correspondendo a uma das figuras mundiais mais destacadas", acrescenta o texto, recordando que 90% dos portugueses, segundo o Censo de 2001, se declaram católicos.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Cristo veio libertar-nos da tentação de uma vida que prescinde de Deus: Bento XVI antes do Angelus do Primeiro Domingo da Quaresma.

(21/2/2010) Nas palavras proferidas este domingo antes da recitação do Angelus com os milhares de fiéis congregados na Praça de S. Pedro o Papa Bento XVI falou da Quaresma tempo de renovação espiritual que prepara para a celebração anual da Páscoa. E perguntou o que significa entrar no itinerário quaresmal. Uma resposta que é ilustrada pelo Evangelho deste I domingo da quaresma que fala das tentações de Jesus no deserto.
Tentações que não foram um incidente de percurso mas a consequência da escolha de Jesus se seguir a missão que lhe foi confiada pelo Pai, de viver até ao fundo a sua realidade de Filho amado que confia totalmente nele.
Cristo veio ao mundo para nos libertar do pecado e do fascínio ambíguo de projectar a nossa vida prescindindo de Deus. Ele fê-lo não com proclamações altissonantes, mas lutando em primeira pessoa contra o Tentador até á Cruz.
Este exemplo – salientou o Papa – vale para todos: o mundo melhora começando por si mesmo, mudando, com a graça de Deus aquilo que não está bem na própria vida.
As tentações de Satanás foram - explicou o Papa - essencialmente três: aquela ligada á necessidade de bens materiais ( a proposta diabólica de transformar as pedras em pão); o engano do poder, quando o Maligno ofereceu a Jesus o domínio sobre a inteira criação em troca de um acto de adoração; finalmente a ambição, ligada ao convite a efectuar um milagre espectacular; lançar-se das muralhas do Templo e fazer com que os anjos o salvem.
Também hoje – disse Bento XVI – o homem conhece no seu profundo, a tentação do poder, da ambição e do hedonismo . E deve vencê-las graças á obediência a Deus
A quaresma – disse depois o Papa – é como um longo retiro, durante o qual entrar de novo em si mesmo e escutar a voz de Deus, para vencer as tentações do Maligno. Um tempo de combate espiritual que se deve viver juntamente com Jesus, não com o orgulho e presunção, mas usando as armas da fé, isto é a oração, a escuta da Palavra de Deus e a penitencia.. Desta maneira poderemos chegar a celebrar a Páscoa na verdade, prontos a renovar as promessas do nosso Baptismo. Que a Virgem Maria nos ajude para que, guiados pelo Espírito Santo, vivamos com alegria e com fruto este tempo de graça.
Interceda em particular por mim, e pelos meus colaboradores da Cúria Romana que esta tarde iniciaremos os Exercícios Espirituais"

Tecnologia: você tem medo de inovar?

Você não gosta de tecnologia ou tem medo das mudanças?

Bom, você pode não gostar ou, até mesmo, achar que não leva jeito para assuntos tecnológicos, mas o fato é que essa realidade digital já permeiam a nossa vida constantemente, por isso é tempo perdido relutar.

Eu admito: são muitas as mudanças, muitas as novidades. Mal aprendemos a utilizar uma ferramenta e já aparece outra mais moderna, mais rápida, mais fácil de executar e com promessas sonhadoras de não travar nem dar problemas; pelo contrário, elas prometem facilitar a nossa vida. Na verdade, quero tentar ajudar você a perceber algo: será que essa indisposição em experimentar as novas tecnologias não revela sintomas do ‘homem velho’? É isso mesmo, o homem que insiste em ficar acomodado à vidinha de sempre, fazendo as mesmas coisas, sempre com as mesmas pessoas, visitando os mesmo lugares, nos mesmos horários.


Hoje, quero lhe convidar a perceber e analisar se você não está permitindo que esse ‘homem velho’ tome conta de você mais uma vez, com velhas manias, velhos pecados e costumes; com um monte de pensamentos quadrados que não fazem bem a você e àqueles que o rodeiam. O pior é que este “acomodar-se” faz de você uma pessoa fechada, metódica, seletiva.

Se a sociedade tem caminhado a passos largos, muito se deve ao crescimento das novas tecnologias.
Não quero dizer com isso que o desenvolvimento tecnológico seja a solução de todos os nossos problemas, ele é apenas um meio para nos levar ao verdadeiro fim: Cristo. E através de Cristo, aos irmãos.

Será que o medo de uma nova ferramenta, de um novo trabalho ou o medo de fazer uma nova experiência com alguém está revelando os sintomas de uma vida estacionada que, a cada dia, se torna mais fechada em si mesma?

Cuidado! O ‘homem velho’ está à espreita, esperando você estacionar, acomodar-se para, aos poucos, retomar o terreno que já foi dele um dia. É preciso estar antenado, pois até o inimigo sabe usar as novas ferramentas e se adequar às novidades para ganhar espaço em seu coração e, assim, trazer de volta o ‘homem velho’.

“Quando o Espírito impuro sai de alguém, fica vagando por lugares áridos, à procura de repouso, e não encontra. Então diz: ‘Vou voltar para a minha casa de onde saí’. Quando chega, ele a encontra desocupada, varrida e arrumada. Então, ele vai e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele, que entram e se instalam aí. No fim, o estado dessa pessoa fica pior do que antes (Mt. 12, 43-45).

Hoje é um novo dia para acolher as novidades de Deus, usando as ferramentas de tecnologia apenas como um meio. Então, quero proclamar uma nova disposição sobre sua vida, quero proclamar: Efatá, Abre-te! (Mc. 7, 32-34).

CNBB lança blog na Internet

CNBB lança blog na Internet


Da Redação, com CNBB


Conferência dos Bispos agora tem blog na Internet
Entrou no ar nesta terça-feira, 23, o blog da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

.: Entre no blog da CNBB clicando aqui


Atendendo ao pedido do Papa Bento XVI, que, na sua Mensagem para o 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais, escreveu que a Igreja deve usar dos "novos meios de comunicação a serviço da Palavra", a página tem por objetivo complementar o site da Conferência, por meio de notícias, vídeos, áudios, fotos e pequenos posts (comentários).

Assim como as outras mídias sociais já existentes - twitter, youtube, flickr e facebook -, essa nova presença da CNBB na internet busca dar mais dinamicidade e agilidade à comunicação.

De acordo com o secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, a Conferência vem aumentando seu nicho de informações na internet e o blog dá mais força a essa presença. "Cada vez mais nosso site tem que se aperfeiçoar. Já estamos no twitter, no youtube, facebook, flickr e, agora, o próximo passo é o blog. Eu espero que essa nova presença complemente as outras mídias já existentes para que a CNBB se comunique de forma mais objetiva. Em breve, também vamos criar o blog da Missão Continental, para que cresçamos ainda mais com essa presença através das novas tecnologias a serviço do Reino de Deus".

O assessor de imprensa da CNBB, padre Geraldo Martins, encara a presença da Conferência na blogosfera como mais uma alternativa de comunicação para ampliar a presença da CNBB através das novas tecnologias de informação. "O blog representa mais uma alternativa de comunicação que a CNBB se serve a partir desse universo oferecido pelas novas tecnologias. Ele representa, portanto, o esforço da Igreja para chegar da maneira mais ampla possível a todas as pessoas".

Um dos diferenciais do blog é a publicação de notícias mais objetivas, destacando os últimos vídeos e áudios produzidos pela assessoria de imprensa, bem como imagens de eventos, além de possibilitar aos internautas comentarem os posts, com moderação do administrador. Outra novidade é que os leitores poderão seguir o blog da CNBB, assim como seguem a página no twitter, através de login e e-mail.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Mais católicos no mundo

Últimos dados revelados pelo Vaticano apontam para crescimento de 1,7% entre 2007 e 2008

O Vaticano revelou que o número de católicos no mundo é de 1,16 mil milhões, tendo registado um aumento de 1,7% entre 2007 e 2008, especialmente visível em África e na Ásia. No total da população mundial, os fiéis da Igreja Católica representam cerca de 17,4%.

Os últimos dados disponíveis sobre os baptizados nos cinco continentes foram apresentados ao Papa, este Sábado, na edição 2010 do Anuário Pontifício.

As estatísticas referentes ao ano de 2008 fornecem uma análise sintética das principais tendências relativas à Igreja Católica nas 2945 circunscrições eclesiásticas do planeta, assinala um comunicado oficial do Vaticano.

Entre 2000 e 2008, a evolução no número de sacerdotes, diocesanos ou religiosos, continua a ser tendencialmente positiva, cerca de 1%. Nestes nove anos, os padres passaram de 405 mil para 409 mil.

A distribuição do clero por continentes, em 2008, é caracterizada por uma elevada prevalência de padres europeus (47,1%), enquanto os americanos são 30%; o clero asiático corresponde a 13,2%, o africano a 8,7% e o da Oceânia a pouco mais de 1%.

Em 2008, os religiosos eram pouco mais de 739 mil, uma diminuição de 7,8% relativamente a 2000. As diminuições mais significativas ocorreram na Europa (- 17,6%), América (-12,9%) e Oceânia (-14,9%), enquanto na África e na Ásia houve um aumento relevante (+21,2% e 16,4%, respectivamente).

A nível global, o número de candidatos ao sacerdócio aumentou, passando de 115.919 em 2007 para 117.024 em 2008. Nesse biénio, houve uma taxa de crescimento de cerca de 1%, mas a Europa registou uma diminuição de 4,3%.

Os dados foram apresentados a Bento XVI pelo seu Secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone, e pelo substituto do secretário de Estado para Assuntos Gerais, D.Fernando Filoni.

O Papa, revela o Vaticano, mostrou “grande interesse pelos dados apresentados”, expressando a sua grande gratidão a todos os que contribuíram para a nova edição do Anuário.

Precedido desde 1716 por várias publicações, o “Annuario Pontificio” passou a sair desde 1940 com o actual esquema, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado, com informação sobre os cardeais, dioceses, bispos, dicastérios e organismos da Cúria Romana, representações diplomáticas do e no Vaticano, institutos religiosos e instituições culturais dependentes da Santa Sé.

BENTO XVI: QUARESMA, TEMPO DE EXERCÍCIO ESPIRITUAL QUE DEVE SER VIVIDO COM JESUS


Cidade do Vaticano, 21 fev (RV) - O Santo Padre presidiu a oração mariana do Angelus deste domingo na Praça São Pedro, onde o aguardavam vários fiéis e peregrinos provenientes de várias partes do mundo.

Na alocução que precedeu a oração, o papa lembrou que a Quaresma é tempo de renovação espiritual que nos prepara para celebrar a Páscoa do Senhor. "Mas o que significa entrar no caminho quaresmal?" – perguntou o papa. Encontramos a resposta no Evangelho deste domingo que nos diz que Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo no deserto e lá foi tentado durante quarenta dias pelo diabo.

O Santo Padre ressaltou que as tentações são conseqüências da escolha de Jesus de seguir a missão que o Pai lhe confiou, de viver profundamente a sua realidade de Filho amado, que confia totalmente no Pai.

"Cristo veio ao mundo para nos libertar do pecado e do fascínio ambíguo de projetar a nossa vida sem Deus. Ele o fez lutando em primeira pessoa contra o Maligno, até a Cruz. Este exemplo vale também para nós: podemos melhorar o mundo começando por nós mesmos, mudando com a graça de Deus, aquilo que está errado em nossa vida" – sublinhou Bento XVI.

Jesus obedeceu fielmente ao Pai e isto é um ensinamento fundamental para nós. Se a Palavra de Deus entrar em nossa mente, em nosso coração e em nossa vida recusaremos toda forma de engano ou sedução do Maligno.

"A Quaresma é como um longo retiro, durante o qual voltar para si mesmo e ouvir a voz de Deus a fim de vencer a tentação do Maligno. Um tempo de exercício espiritual que deve ser vivido junto com Jesus, não com orgulho e presunção, mas usando as armas da fé, ou seja, a oração, a escuta da Palavra de Deus e a penitência. Deste modo poderemos celebrar a Páscoa na verdade, prontos para renovar as promessas de nosso Batismo" – frisou o papa.

O Santo Padre pediu à Virgem Maria para que nos ajude, guiados pelo Espírito Santo, a viver com alegria este tempo de graça, e que ela interceda por ele e seus colaboradores da Cúria Romana que hoje à tarde iniciarão o retiro espiritual. A seguir o papa concedeu a todos a sua bênção apostólica.

Após a oração mariana, o Santo Padre saudou em várias línguas os diversos grupos de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro e recordou que jejuar significa renunciar e se tornar livres para o bem. Trata-se de acolher e aceitar aquilo que é realmente essencial para a nossa vida e viver segundo este propósito. Esta nova vida nós a vemos em Jesus Cristo, pois ele compreende a nossa fraqueza humana, porque foi também conduzido em tentação como nós.

O Santo Padre pediu aos fiéis para que rezem neste período de preparação para a Páscoa do Senhor em favor da graça de uma verdadeira renovação a fim de que possamos viver segundo a sua vontade e em seu amor.

Enfim, o papa saudou as Filhas de São Camilo que celebração em breve o centenário de morte da fundadora, beata Giuseppina Vannini.

Exercícios espirituais combatem o secularismo, indica Cardeal

L'Osservatore Romano


O Cardeal italiano Salvatore De Giorgi (em pé)
De forma especial em um tempo fortemente marcado pelo secularismo, que às vezes não poupa nem mesmo o clero e religiosos, há a necessidade de se redescobrir o valor de uma prática antiga e garantida como os exercícios espirituais, para uma escuta mais intensa da Palavra de Deus.

É disso que está convencido o presidente da Federação Italiana de Exercícios Espirituais (Fies), Cardeal Salvatore De Giorgi, associação reconhecida pela Conferência Episcopal Italiana (CEI) e destinada a promover os chamados "tempos fortes" de espiritualidade.

A prática dos exercícios, no entanto, não conhece uma verdadeira crise. "Infelizmente não está crescendo, mas em processo de 'ajuste' do ritmo", observa o cardeal. Ele registra pontos a favor, particularmente entre os leigos e as novas gerações. "Especialmente entre os jovens que fazem a experiência de uma vida de comunidade".

Os sacerdotes, pelo dever do exemplo a que estão desafiados por seu ministério, são os primeiros a serem chamados para a revisão contínua da experiência interior. "Na vida de um sacerdote, os exercícios espirituais são o momento mais favorável para verificar sua fidelidade ao dom recebido, para a purificação contínua do coração, para a animação do ministério", acrescenta De Giorgi. "É por isso que os Papas, de Leão XIII a Bento XVI, propuseram e recomendaram, não tanto como uma obrigação canônica, mas como exigência urgente e insubstituível a necessidade da vida espiritual".

Além disso, completou-se recentemente o aniversário de oitenta anos da encíclica Mens Nostra, dedicada por Pio XI, em 20 de dezembro de 1929, à "importância dos exercícios espirituais".

"O quadro sócio-religioso-cultural da época, que levou o Papa Ratti a dar relevo à 'suma importância, utilidade e adequação destes santos retiros' era, sem dúvida, menos complexo e menos comprometido que o de hoje, o do secularismo que coloca Deus entre parênteses, do materialismo que de fato o nega, do cientificismo que pretende tomar o seu lugar, do relativismo ético que rejeita todas as normas morais absolutas e transcendentes", explica o purpurado italiano.

Todavia, a análise que Pio XI faz da crise de seu tempo é "clara e lúcida" e ainda apresenta enormes pontos de atualidade. "A grande doença da era moderna - lê-se na Mens nostra -, principal fonte dos males que todos nós condenamos, é a falta de reflexão". Uma falta que produz escravos do materialismo e da corrida às riquezas, "que minimiza gradualmente na mente todos os ideais nobres".


Os Exercícios

A experiência dos exercícios espirituais é uma prática que, baseando-se na grande tradição do passado, requer ajustes contínuos para as necessidades do momento. Muita coisa mudou desde o tempo de Santo Inácio de Loyola, célebre fundador dos exercícios.

Já o Papa Paulo VI, em 1965, no discurso à primeira reunião da Fies, recorda o Cardeal De Giorgi, "fez uma vibrante e estimulante exortação para se reformular os exercícios: 'Ai se os Exercícios Espirituais se tornassem uma repetição formal ou, eu diria, um esquema preguiçoso. Há toda uma reformulação dos exercícios que esperamos, sinceramente, que os nossos bravos padres saibam fazer', disse o Papa".

O secretário nacional da Fies, padre Estanislau Renzi, destaca o trabalho desenvolvido especialmente entre os jovens: "Eles vivem agora em um mundo que ama o barulho, não o silêncio e o recolhimento, e desejam se ver livres de leis e de disciplina". Para eles, de acordo com padre Renzi, é "difícil falar sobre a busca da vontade de Deus na disposição da própria vida".

No entanto, há muitos, entre 20 e 30 anos, que praticam os exercícios espirituais frequentando assiduamente cursos, por vezes, nos fins de semana, em casas de espiritualidade, cujos representantes lhes oferecem a oportunidade para rezar e refletir individualmente e em comunidade, a fim de discernir as escolhas de vida e fazer o seu caminho espiritual na Igreja. Os cursos estão abertos a todos os jovens que querem crescer na fé e aprofundá-la, a fim de esforçar-se para ordenar suas vidas de acordo com o projeto de Deus.

Padre Renzi também enfatiza que os exercícios espirituais não são apenas um momento de estudo ou simples meditação e oração. É também um tempo de busca e orientação interior. "Tal como caminhar, andar, correr são exercícios físicos - escreveu Santo Inácio -, os Exercícios Espirituais também devem preparar a alma para remover todos os afetos desordenados e, após retirá-los, tentar encontrar a disposição da vontade de Deus na própria vida, para a salvação da própria alma", ressalta.

Nesse sentido, afirma o secretário da Fies, citando os ensinamentos de Bento XVI, se "a secularização, que muitas vezes se transforma em secularismo e abandona o sentido positivo da secularidade, coloca uma dura prova para a vida cristã dos fiéis e pastores, os exercícios espirituais, enquanto escuta ruminada e longa da Palavra de Deus, permitem discernir a vontade de Deus e, de acordo com ela, superar a mentalidade na qual Deus está ausente e permite, ao mesmo tempo, lutar para viver em comunhão com Deus e nossos irmãos".

Enfim, os exercícios espirituais se apresentam como uma solução para renovar a vida cristã e responder aos graves desafios colocados pela sociedade secular e pela indiferença religiosa.

"Armadilhas" para a vida do padre, segundo pregador do Papa

L'Osservatore Romano

O padre Enrico Dal Covolo e o Papa Bento XVI
Desde domingo, Bento XVI está particularmente focado na vida espiritual. Todas as audiências do Pontífice para esta semana foram canceladas, já que ele e a Cúria Romana participam dos Exercícios Espirituais em preparação à Quaresma.

As pregações acontecem na Capela Redemptoris Mater, do Palácio Apostólico Vaticano.

Após quatro cardeais, este ano a tarefa está a cargo de um padre, pela primeira vez. Trata-se de Enrico Dal Covolo, postulador geral dos Salesianos, que escolheu como tema de suas meditações a vocação sacerdotal, exatamente em sintonia com o Ano que a Igreja está celebrando.

Nesta entrevista ao L'Osservatore Romano, o religioso fala sobre o conteúdo e o método dos exercícios que prega para o Papa e a Cúria Romana desde domingo, 21, e que segue até sábado, 27.

Dal Covolo destaca o tema dos Exercícios, fala sobre a necessidade da oração na vida do sacerdote, o desafio de atualizar a formação sacerdotal, o que leva um jovem a se tornar padre e as principais armadilhas para a vida pastoral do presbítero.


L'Osservatore Romano (LOR): Pode nos explicar o tema dos exercícios espirituais deste ano, Lições de Deus e da Igreja sobre a vocação sacerdotal?

Padre Enrico Dal Covolo: O título pode ser explicado tanto na linha do método, quanto na linha do conteúdo destes exercícios. A linha do método é aquela antiga e consagrada da lectio divina, articulada em suas etapas fundamentais da leitura, meditação, oração e contemplação. A conversão da vida é a etapa conclusiva da lectio divina e, consequentemente, a fase final dos exercícios espirituais. O próprio título alude ao conteúdo, que diz respeito à vocação sacerdotal, ilustrada através dos estágios típicos das histórias bíblicas da vocação, que são cinco: o chamado de Deus; a resposta do homem; a missão que Deus confia a quem chama; a dúvida, a tentação, a resistência, a perplexidade do chamado e, enfim, a confirmação tranquilizadora de Deus.

A meditação da manhã percorrerá sistematicamente estes cinco estágios. Já à tarde, as meditações serão inspiradas nas "lições da Igreja", a mais importante das quais é a do sacerdote santo, ou, pelo menos, do sacerdote exemplar. Os cinco "medalhões sacerdotais" selecionados são de Santo Agostinho, São Cura d'Ars, o padre rural de Bernanos, o Venerável Giuseppe Quadrio e o Venerável Papa João Paulo II.


LOR: Durante as meditações, falará de São João Maria Vianney. Quais serão os aspectos mais importantes de que tratará?

Padre Enrico Dal Covolo: Eu escolhi pregar utilizando não apenas a biografia de São João Maria Vianney, porque já é bem conhecida, mas me ative a cinco episódios da sua vida, através dos quais fosse mais fácil fazer comparações entre a própria história do chamado e a história de vocação ao sacerdócio. No fundo, todos estes exercícios são outra coisa que uma verificação da vocação sacerdotal, à luz da Palavra de Deus e da palavra da Igreja.


LOR: Por que um padre necessita fazer um curso de exercícios espirituais?

Padre Enrico Dal Covolo: Essencialmente, porque eles são necessários. O Diretório sobre a vida e o ministério do presbítero recomenda que, todo o ano, os sacerdotes façam o seu exercício espiritual. De fato, no caminho da vida, especialmente nesta cultura em que estamos, muitas vezes pode levar a esquecer as motivações profundas para uma escolha de fé e vocação. Também o Papa, que é o supremo pastor, não está subtraído às tentações, à resistência, a árdua jornada da fé. Também ele necessita dos exercícios espirituais para poder confirmar eficazmente os irmãos na fé e dar o bom exemplo a todos os sacerdotes.


LOR: Como é viver esta experiência de ser o pregador dos exercícios espirituais para o Papa?

Padre Enrico Dal Covolo: Eu me sinto muito atingido pela graça do estado. Devo dizer que não é meu o pedido da atribuição que me é confiada. Sinto a graça de Deus que me ajuda fortemente. Ajudou-me muito a colocar o foco nestas meditações, e eu não levei muito tempo para prepará-las. A graça me sustenta também do ponto de vista emotivo, porque devo dizer que me sinto muito tranquilo. Também posso acrescentar que tenho uma longa experiência na pregação de exercícios espirituais. Se eu contei corretamente, o do Papa deveria ser o 221º curso de exercícios espirituais pregado a padres, freiras, consagrados, em meus trinta anos de sacerdócio.


LOR: O senhor acredita que a formação nos seminários prepara adequadamente os candidatos para desenvolver o seu ministério sacerdotal?

Padre Enrico Dal Covolo: Seguramente há um grande empenho neste sentido. Na recente visita que fez ao Pontifício Seminário Romano, o Papa destacou este esforço na atualização da formação sacerdotal. Certamente é um desafio, em particular, penso que devemos estudar melhor a forma que os futuros sacerdotes encaram a Sagrada Escritura. Muitas vezes, me parece que essa abordagem é demasiada subserviente ao método histórico-crítico. Não que este método não tenha os seus méritos, mas é, por si só, insuficiente. O futuro sacerdote deve escutar as Escrituras com o mesmo espírito que as escutaram os nossos padres, com aquela capacidade sapiencial de ler os textos profundamente eclesial. É o que o Papa chama de "exegese canônica" ou "teológica".


LOR: Estamos celebrando o Ano Sacerdotal, um momento de reflexão sobre a vocação. Por que um jovem, na sua opinião, deveria decidir se tornar um padre?

Padre Enrico Dal Covolo: Aquilo que leva, em última análise, um jovem a se tornar sacerdote só pode ser o convite do Senhor, que é o chamado. Como escreve João Paulo II, não podemos defini-lo precisamente em termos exatos, porque é dom e mistério. Mas podemos acrescentar que, certamente, uma pessoa está capacitada a perceber com clareza o chamado do Senhor para ser padre. Então, me pergunto, o que acaba por bloqueá-lo? Hoje, aquilo que bloqueia o jovem, ao ponto de ser incapaz de perceber claramente este chamado, é o clima em que nos encontramos. Um clima cultural de consumismo, muito apegado às necessidades materiais, pouco aberto ao diálogo com o espírito. Isto é o que verdadeiramente pode bloquear o candidato.

Existem também as dificuldades específicas relacionadas com a geração atual, penso sobretudo em nosso Velho Mundo, a velha Europa. Hoje em dia, um jovem é muito frágil em suas escolhas. Torna-se difícil tomar decisões definitivas, tanto para o sacerdócio, quanto para o casamento. Por isso, tanto mais ele se encontra em dificuldade para enfrentar uma escolha como essa, que consiste em doar inteiramente a própria vida ao serviço dos irmãos, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, o Bom Pastor. O modelo de Cristo Crucificado é, certamente, um modelo que está em desacordo com a cultura do mundo circundante.


LOR: Quais são os principais riscos na atividade pastoral de um padre?

Padre Enrico Dal Covolo: Uma "armadilha" é a solidão, a qual discutirei de modo particular no perfil do sacerdote rural. Na realidade, a solidão do sacerdote possui algo de necessário. Acontece que o presbítero, durante a sua formação, se prepare para essa solidão, que não é um vazio existencial, mas que deve se traduzir em um encontro privilegiado e íntimo com o Senhor Jesus, ao qual nenhum outro amor pode competir. De uma forma radical, o sacerdote é convidado a não antepor nada ao amor de Cristo, de acordo com a máxima de São Bento.

Bem, a solidão, se você a preenche com este conteúdo, é um bem. Facilita o encontro pessoal com Deus. Às vezes, porém, o sacerdote experimente a solidão como um vazio existencial. Por quê? Porque ele perdeu a dimensão contemplativa da vida. Aqui, então, mostra-se o quanto é importante um curso de exercícios espirituais, porque ajuda exatamente a pensar sobre essas coisas e a se converter.


LOR: A solidão é a armadilha "primeira". E as outras?

Padre Enrico Dal Covolo: Penso nas compensações que o sacerdote busca frente a essa solidão. Compensações que podem ser muitas coisas, sem pensar imediatamente nas coisas mais sérias, isto é, nas buscas que afetam o celibato sacerdotal e são proibidas, ou sem pensar no acúmulo de dinheiro, que, por vezes, é realmente uma armadilha para os sacerdotes. Se pode pensar mais facilmente no chamado ativismo, ou seja, o risco de "fazer por fazer", que se torna quase uma droga. Nesta armadilha, muitos padres têm caído e continuam a cair. Para os bispos, podem ser, às vezes, a armadilha de uma busca de honra, de se sentir quase apegado ao rol de privilégios que possuem, após a ordenação episcopal. Todavia, para eles também continuam valendo os riscos dos sacerdotes.


LOR: O senhor preparou um medalhão sobre Giuseppe Quadrio. Quem é esse padre?

Padre Enrico Dal Covolo: Bento XVI reconheceu a heroicidade da vida e das virtudes de Giuseppe Quadrio em 19 de dezembro. É uma figura muito interessante, porque é um sacerdote salesiano exeplar que foi um teólogo: então, de alguma forma, se santificou através do estudo e do ensino da teologia. Ele também foi decano da Faculdade de Teologia em Turim, antes de o Pontifício Ateneu Salesiano ser transferido para Roma. Ele morreu em 1963, quando ainda não havia completado 42 anos. Era uma promessa para a teologia, uma grande esperança.

Basta pensar que, em 1946, defendeu uma dissertação na Pontifícia Universidade Gregoriana, onde fez a defesa de se definir o dogma da Assunção de Maria. Estavam presentes nove cardeais, bem como Monsenhor Montini, futuro Papa Paulo VI. Aquilo teve ampla ressonãncia no L'Osservatore Romano, que fez uma matéria muito detalhada. Por que foi escolhido? Porque, em suas cartas, descreve a figura ideal do sacerdote. Em certo sentido, quando pinta este retrato do sacerdote ideal, ele também oferece um autorretrato que não se considerava digno de escrever.

LOR: Outro medalhão é sobre um padre rural de Bernanos. Por que essa escolha?

Padre Enrico Dal Covolo: O padre rural o escolhi para concluir a jornada penitencial, na qual falarei da dúvida, da resistência, das tentações que o sacerdote encontra em sua história de vocação. A figura doente do sacerdote é definitivamente exemplar nesse ponto de vista. Proporei a sua experiência, isto é, todas as dúvidas por que passou, as tentações que o marcaram e como, na realidade, em seu leito de morte, ele fez as pazes consigo mesmo e com Deus, à luz do ensinamento do "tudo é graça", de Teresa de Lisieux.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Amar um amigo é amá-lo como a si mesmo

Quem entendeu que para se estabelecer uma verdadeira amizade é preciso amar a Deus em primeiro lugar, logo se vê impelido a buscar estabelecer relacionamentos, mas aprendendo com o Senhor como amar os seus amigos. O próprio Jesus nos deixou claro, com atos e palavras, que para amar de verdade é necessário amar ao próximo como a nós mesmos (cf. Mt 22,39). Sendo assim mais uma vez a prefiguração de uma amizade verdadeira, da amizade em Cristo, é demonstrada no relacionamento entre Davi e Jônatas.


Ouça comentários do autor


“Aconteceu que, terminando ele [Davi] de falar com Saul, Jônatas apegou-se a Davi. E Jônatas passou amá-lo como a si mesmo” (I Sm 18,1).

Essa é a primeira descrição bíblica da amizade entre os dois, que começa justamente na plenitude cristã da forma de amar. Quando eu amo alguém como a mim mesmo, entendo que ele é outra pessoa e não fico tentando modelá-lo conforme a minha vontade. Percebo que ele soma na minha vida justamente porque é diferente, sendo assim, fazê-lo parecido comigo é perder tudo o que as diferenças acrescentariam na vida um do outro.

Outra característica dessa forma de amar é a tolerância, o acolhimento e a misericórdia. Se eu amo a um amigo como me amo, entendo que ele é uma pessoa e não um super-herói. Não exijo perfeição porque ele é tão humano quanto eu, acolhendo assim suas limitações e fraquezas da mesma forma que acolho seus dons e qualidades. Aprendo com seus erros e posso contar com ele para me levantar quando os meus erros também me fizerem cair. Por conhecer minhas misérias e do que elas são capazes de fazer na minha vida, não espero dele perfeição, por isso não deixo a decepção habitar em meu coração.

Se eu estabeleço uma amizade desta forma, entendo que meu amigo é uma pessoa e não uma propriedade particular, um território reservado unicamente para ocultar minhas inseguranças e saciar minhas carências. A felicidade dele é a minha felicidade, por essa razão eu o deixo livre para ser amado por outros. Por amá-lo e reconhecê-lo como alguém muito especial, quero que também os outros conheçam os tesouros do seu coração. Isso não me leva ao sentimento de ter sido colocado de lado ou ameaçado, pois já experimentei o quanto aquele amigo me ama. Sei que sou único em sua vida e por isso não preciso de exclusividade, pelo contrário, permito que o amor cresça, transborde e atinja a muitos outros.

Jônatas, quando viu a necessidade de Davi partir, não o impediu; pelo contrário, foi o primeiro a incentivá-lo a ir. Ele sabia que, em uma amizade verdadeira, a liberdade do outro é peça fundamental e que, muitas vezes, forçá-lo a estar perto é uma maneira mais rápida de perdê-lo. Não havia entre eles apego desequilibrado, mas amor verdadeiro, que liberta e não aprisiona. E mesmo sendo esta a última vez que o viu antes de morrer, Jônatas viveu com a certeza de que havia um pedaço seu no coração de Davi, onde quer que ele estivesse.

Amar o próximo como a si mesmo é experimentar o amor de Deus em sua vida e permitir que ele transborde na vida dos outros. É a vocação própria do homem: amar. Porque sou profundamente amado, também quero amar profundamente. Justamente por isso não há como amar um amigo de verdade antes de fazer uma experiência profunda de amar e ser amado pelo Senhor. O amor aos irmãos é reflexo limitado do Amor ilimitado de Deus por nós. Só podemos dar o que temos. Se não nos sentimos amados, não nos amamos e não temos condições alguma de amar o outro.

A experiência do amor cristão é a da renúncia, do desapego, da oblação, do sacrifício. É amar para dar a vida a todo instante e não somente em momentos extremos. É dar a vida no silêncio, na oração e nas ações que não esperam nada em troca. Somente quem ama nas pequenas renúncias de uma amizade é capaz de amar com entrega total de vida. Jesus amou assim: amou na simplicidade do dia a dia, sendo capaz de dar toda a vida no momento decisivo. Ele deu o exemplo e nos deixou o ensinamento: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).

Amar um amigo como a si mesmo é amar da forma como Jesus amava: se doar em amor buscando não a realização pessoal, mas a felicidade do outro. Não é fácil, mas é possível! Abrace a oportunidade de ser expressão concreta do Amor de Deus na vida daqueles que ama e derrame a sua vida em amor.

Seu irmão,
Renan Félix

Prêmio Nobel nomeado para Pontifícia Academia das Ciências

Vatican Information Service

O Santo Padre nomeou como membro ordinário da Pontifícia Academia das Ciência o professor Gerhard Ertl, docente de Físico-química no Fritz-Haber-Institut der Max-Planck-Gesellschaft, em Berlim (República Federal da Alemanha).

O professor nasceu em Stuttgart, em 1936, e estudou física na Universidade de Stuttgart, Paris e Mônaco da Baviera, obtendo da Universidade Tecnológica de Mônaco da Baviera, em 1965, o título de Doutor rer. nat. em Físico-química.

Após ser assistente e professor no mesmo Instituto, obteve, em 1967, a certificação para o ensino universitário e, em 1968, foi nomeado professor de Físico-química na Universidade de Hannover. Entre 1973 e 1986, foi professor de Físico-química no Ludwig-Maximilians-Universität, de Mônaco da Baviera. Em 1986, mudou-se para Berlim, na qualidade de diretor do Departamento de Físico-Química na Fritz-Haber-Institut der Max-Planck-Gesellschaft.

Suas pesquisas envolvem, em particular, as reações químicas em superfícies sólidas e que são a base de catálise heterogênea, empregada tanto em química industrial quanto em química ambiental. Ele também se interessa nos fenômenos de auto-organização espaço-temporais, que servem como modelos para efeitos similares em muitos outros campos.

O professor Ertl recebeu inúmeras homenagens e prêmios, incluindo o Prêmio Nobel de Química (2007), o Prêmio Otto Hahn (2007), o Prêmio Wolf em Química (1998) e o Prêmio Japão (1992). Além disso, ele é membro honorário de diversas academias e organizações científicas e recebeu doutorados honorários de diferentes universidades.

Anuário Pontifício apresenta estatísticas da Igreja no mundo

Vatican Information Service

Entre 2007 e 2008, o número de fiéis batizados no mundo aumentou consideravelmente, passando dos 1,147 bilhões para 1,166 bilhões, um aumento total de 19 milhões de fiéis e percentual de 1,7%. Comparando estes dados com a evolução da população mundial no mesmo período, que passou de 6,62 para 6,70 bilhões de pessoas, se observa que a incidência de católicos a nível mundial teve um ligeiro aumento, entre 17,33 e 17,40 por cento.

Este é apenas um dos dados apresentados pelo Anuário Pontifício 2010. As estatísticas referentes ao ano de 2008 fornecem uma análise sintética das principais tendências relativas à Igreja Católica nas 2.945 circunscrições eclesiásticas do planeta.

A partir de 2009, foram erigidas pelo Santo Padre oito novas sedes episcopais e uma Prelazia; uma Prelazia foi elevada a Diocese e três Prefeituras a Vicariatos Apóstolos. No total, foram nomeados 169 novos bispos.

Entre 2007 e 2008, o número de bispos aumentou globalmente em 1,13%, passando dos 4.946 para 5.002. O aumento foi significativo na África (+ 1,83%) e nas Américas (1,57%), enquanto na Ásia (1,09%) e na Europa (0,70%) os valores estão bem abaixo da média global. A Oceania registrou, no mesmo período, uma taxa de variação de -3%. No entanto, tal diferença não causou alterações significativas na distribuição dos bispos por continente.

A situação numérica dos sacerdotes, seja diocesanos ou religiosos, continua a mostrar, globalmente, uma evolução positiva, mas ainda moderada e em torno de 1% no período entre 2000 e 2008. Os sacerdotes, diocesanos e religiosos, de fato, aumentaram nos últimos nove anos, passando de 405.178 em 2000 para 408.024 em 2007 e 409.166 em 2008. A distribuição do clero entre os continentes, em 2008, é caracterizada por uma elevada prevalência de padres europeus (47,1%), enquanto os americanos são 30%; o clero asiático responde por 13,2%, o africano por 8,7% e o da Oceania por 1,2%.

Entre 2000 e 2008, não se alterou a incidência relativa aos sacerdotes na Oceania; ao contrário, cresceu o número do clero africano, asiático e americano, enquanto o clero europeu visivelmente diminuiu de 51,5 para 47,1%.

No rol dos trabalhadores religiosos que auxiliam a atividade pastoral dos bispos e padres, os religiosos professos constituem o grupo de maior peso numérico. Tais religiosos, que eram 801.185 no mundo todo em 2000, diminuíram gradualmente, de tal modo que, em 2008, havia 739.067 (com uma diminuição relativa no período de 7,8%). Destaca-se que o grupo mais numero de religiosos professos encontra-se na Europa (40,9%) e na América (27,5%), e que as diminuições mais significativas ocorreram igualmente na Europa (- 17,6%) e na América (-12,9%), assim como na Oceania (-14,9%), enquanto na África e na Ásia houve um aumento significativo (+21,2% e 16,4%, respectivamente), que contrabalançaram a redução antes apresentada, mas não ao ponto de anulá-la.

Em nível global, o número de candidatos ao sacerdócio aumentou, passando de 115.919 em 2007 para 117.024 em 2008. No biênio, houve uma taxa de crescimento de cerca de 1%. Esta mudança foi positiva na África (3,6%), na Ásia (4,4%) e na Oceania (6,5%), enquanto a Europa registrou uma diminuição de 4,3%. A América apresenta uma situação de estabilidade.


Apresentação ao Papa

Os dados foram apresentados ao Santo Padre na manhã deste sábado, 20, pelo secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone, e pelo substituto do secretário de Estado para Assuntos Gerais, Dom Fernando Filoni.

A redação do novo anuário esteve aos cuidados do responsável do Escritório Central de Estatísticas da Igreja, monsenhor Vittorio Formenti, do professor Enrico Nenna e de outros colaboradores.

O complexo trabalho de impressão esteve aos cuidados de Dom Pedro Migliasso, S.D.B., Antonio Maggiotto e Giuseppe Canesso, respectivamente Diretor Geral, Diretor Comercial e Diretor Técnico da Tipografia Vaticana.

O Santo Padre expressou sua gratidão, mostrando grande interesse pelos dados apresentados e expressando sua grande gratidão a todos os que contribuíram para a nova edição do Anuário.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O decreto da discórdia

Imagem de Destaque
Não podemos impunemente despir o Brasil de seus valores religiosos e culturais

O Decreto presidencial 7.037, do Programa Nacional de Direitos Humanos, suscitou muitas reações de todos os setores da sociedade, desde militares à Igreja, desde a imprensa aos advogados... Que houve de errado? Alega-se, em defesa, que já sugiram duas edições anteriores de "Direitos Humanos", que não provocaram estranheza e que se consideram similares. Vem então a pergunta: se duas edições iguais não deram certo, por que reeditá-la numa terceira, fora de época?

Se o paradigma das duas primeiras ainda era a globalização, hoje o paradigma tende a proteger os valores particulares e as tradições próprias. Não é, pois, um contrassenso reeditar medidas fora de época, ainda mais numa perspectiva chavista, como se ouve aos quatro ventos? A falha está no próprio método.

Nossa República Federativa apresenta três instâncias, que a Constituição define como independentes e quer harmoniosas: Executivo, Legislativo e Judiciário. Infelizmente, chegamos a uma situação paradoxal em que o Executivo legisla por decretos e medidas provisórias; o Legislativo julga por CPIs; e o Judiciário governa com liminares. Consequentemente, o país fica em contínuo sobressalto, porque nenhum dos Três Poderes tem as devidas credenciais e os indispensáveis dispositivos para agir nestes campos que, constitucional e organicamente, pertencem a outro poder.

Papa vai canonizar seis novos santos

PASCOM Paróquia Sant'Ana

O Papa Bento XVI vai canonizar seis beatos no dia 17 de outubro. Nesta manhã, Bento XVI realizou um Consistório Ordinário Público para as canonizações. A cerimônia aconteceu na sala no Consistório do Palácio Apostólico Vaticano, durante a celebração da Hora Sexta (parte da Liturgia das Horas que acontece ao meio-dia).

Os futuros santos são:

- o polonês Stanislaw Soltys Kazimierczyk (1433-1489), sacerdote dos Cônegos Regulares Lateranenses;

- o canadense André Alfred Bessette (1845-1937), religioso da Congregação da Santa Cruz;

- a australiana Mary Hellen Mackillop (1842-1909), virgem, fundadora da Congregação das Irmãs de São José do Sagrado Coração

- a monja italiana Giulia Salzano (1846-1929), virgem, fundadora da Congregação das Irmãs Catequistas do Sagrado Coração;

- a monja italiana Battista Camilla da Varano (1458-1524), virgem, da Orden de Santa Clara;

- a espanhola Cândida Maria de Jesus (Juana Josefa) Cipitria y Barriola, virgem, fundadora da Congregação das Filhas de Jesus.


Em seus quase cinco anos de Pontificado, Bento XVI proclamou 28 santos e quase 600 beatos, em sua maioria espanhóis. Até agora, o Papa celebrou sete cerimônias de Canonização, seis no Vaticano e a de Frei Gavão no Brasil, em maio de 2007.

Quaresma, a luta contra o pecado

'Se não fizerdes penitência, todos perecereis'

Desde o início do Cristianismo a Quaresma marcou para os cristãos um tempo de graça, oração, penitência e jejum, com o objetivo de se chegar à conversão. Ela nos faz lembrar as palavras de Jesus: “Se não fizerdes penitência, todos perecereis” (Lc 13,3). Se não deixarmos o pecado, não poderemos ter a vida eterna em Deus; logo, a atividade mais importante é a nossa conversão, renunciar ao pecado.

Nada é pior do que o pecado para a vida do homem, da Igreja e do mundo, ensina a Igreja; por isso Cristo veio, exatamente, “para tirar pecado do mundo” (cf. Jo 1, 29). Ele é o Cordeiro de Deus imolado para isso.

São Paulo insiste: “Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!” (2 Cor 5, 20); “exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (cf Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação” (2 Cor 6, 1-2).

A Quaresma nos oferece, então, esse “tempo favorável” para deixarmos o pecado e voltarmos para Deus. E para isso fazemos penitência. O seu objetivo não é nos fazer sofrer ou nos privar de algo que nos agrada, mas ser um meio de purificação de nossa alma. Sabemos o que devemos fazer e como viver para agradar a Deus, mas somos fracos; a penitência é feita para nos dar forças espirituais na luta contra o pecado.

A melhor Penitência, sem dúvida, é a do Sacramento que tem esse nome. Jesus instituiu a Confissão em Sua primeira aparição aos discípulos, no mesmo domingo da Ressurreição (cf. Jo 20,22) dizendo-lhes: “A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados”. Não há graça maior do que ser perdoado por Deus, estar livre das misérias da alma e estar em paz com a consciência.

Além do Sacramento da Confissão a Igreja nos oferece outras penitências que nos ajudam a buscar a santidade: sobretudo as recomendadas por Jesus no Sermão da Montanha (cf. Mt 6,1-8): “O jejum, a esmola e a oração”, chamados pela Igreja de “remédios contra o pecado”.

Cristo jejuou e rezou durante quarenta dias (um longo tempo) antes de enfrentar as tentações do demônio no deserto e nos ensinou a vencê-lo pela oração e pelo jejum. Da mesma forma, a Igreja quer ensinar-nos como vencer as tentações de hoje. Vencemos o pecado praticando a virtude oposta a ele. Assim, para vencer o orgulho, devemos viver a humildade; para vencer a ganância devemos dar esmolas; para vencer a impureza, praticar a castidade; para vencer a gula, jejuar; para vencer a ira, aprender a perdoar; para vencer a inveja, ser bom; para vencer a preguiça, levantar-se e ajudar os outros. Essas são boas penitências para a Quaresma.

Todos os exercícios de piedade e de mortificação têm como objetivo livrar-nos do pecado. O jejum fortalece o espírito e a vontade para que as paixões desordenadas (gula, ira, inveja, soberba, ganância, luxúria, preguiça) não dominem a nossa vida e a nossa conduta.

A oração fortalece a alma no combate contra o pecado. Jesus ensinou: “É necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1b); “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26,41a); “Pedi e se vos dará” (Mt 7,7). E São Paulo recomendou: “Orai sem cessar” (I Ts 5,17).

A Palavra de Deus nos ensina: “É boa a oração acompanhada do jejum e dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro, porque a esmola livra da morte, e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna” (Tb 12, 8-9).

“A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados” (Eclo 3,33). “Encerra a esmola no seio do pobre, e ela rogará por ti para te livrar de todo o mal” (Eclo 29,15).

Então, cada um deve fazer na Quaresma um “programa” espiritual: fazer o jejum que consegue (cada um é diferente do outro); pode ser parcial ou total. Pode, por exemplo, deixar de ver a TV, deixar de ir a uma festa, a uma diversão, não comer uma comida de que gosta ou uma bebida; não dizer uma palavra no momento de raiva ou contrariedade, não falar de si mesmo, dar a vez aos outros na igreja, na fila, no ônibus; ser manso e atencioso com os outros, perdoar a todos, dormir um pouco menos, rezar mais, ir à Santa Missa durante a semana... Enfim, há mil maneiras de fazer boas penitências que nos ajudam a fortalecer o espírito para que ele não fique sufocado e esmagado pelo corpo e pela matéria.

A penitência não é um fim em si mesma; é um meio de purificação e santificação; por isso deve ser feita com alegria.

Assista ao vídeo: O que é a Quaresma?


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"Cristianismo não é moralismo", afirma o Papa a seminaristas

Vatican Imprensa
Bento XVI: ''O orar, diante dos olhos de Deus, torna-se um processo de purificação de nossos pensamentos''
Já é tradição que, todos os anos, o Papa visite o Pontifício Seminário Romano Maior por ocasião da Festa de Nossa Senhora da Confiança, padroeira da instituição.

Neste ano, Bento XVI encontrou-se com cerca de 190 seminaristas, não somente do Seminário Romano Maior, mas também do Seminário Romano Menor, do Almo Colégio Caprânica, do Colégio Diocesano Redemptoris Mater e do Seminário de Nossa Senhora do Divino Amor.

.:
Lectio Divina de Bento XVI com os seminaristas da Diocese de Roma


"Não somos nós que temos de produzir o grande fruto; o Cristianismo não é um moralismo, não somos nós que devemos fazer o que Deus espera do mundo, mas devemos, antes de tudo, entrar neste mistério ontológico: Deus se dá a Si mesmo. Seu ser, seu amar precede as nossas ações e, no contexto de seu Corpo, no contexto de estar n'Ele, identificarmo-nos com Ele, sermos cobertos por seu Sangue, possamos também nós agir com Cristo", salientou o Pontífice na capela do Seminário.

Bento XVI conduziu uma lectio divina a partir do capítulo 15 do Evangelho de São João, que contém a Parábola da Videira. O encontro aconteceu na última sexta-feira, 12, e o Papa expressou a alegria de ver que a Igreja vive.

"Permanecer no Senhor é fundamental como o primeiro tema deste trecho. Permanecer: onde? No amor, no amor de Cristo, no ser amado e no amar o Senhor. Todo o Capítulo 15 concretiza o local da nossa permanência, porque os primeiros oito versículos expõem e apresentam a parábola da videira: 'Eu sou a videira; vós, os ramos'", destacou.

O Senhor elegeu um povo para encontrar a resposta de seu amor. Através deste povo, desejaria entrar em uma relação de amor com o mundo. Diante da infidelidade, Deus não desiste.

"Deus encontra uma nova maneira para chegar até um amor gratuito, irrevogável, ao fruto desse amor, à uva verdadeira: Deus se faz homem, e assim Ele próprio se torna a raiz da videira, Ele torna-se a própria videira e, assim, a videira se torna indestrutível. Este povo de Deus não pode ser destruído, porque o próprio Deus entrou, se plantou nesta terra", declarou.


Ser e agir

O Senhor que entrega um novo ser: esse é o grande dom, exclamou Bento XVI.

"O ser precede o agir e deste ser segue o agir, como uma realidade orgânica, para que aquilo que somos, possamos sê-lo também em nossa atividade. Assim, agradeçamos ao Senhor porque nos tirou do puro moralismo; não podemos obedecer a uma lei que está diante de nós, mas devemos agir de acordo com a nossa nova identidade. Assim, já não é mais uma obediência, uma coisa externa, mas uma realização do dom do novo ser".

Ao citar São Tomás de Aquino - "A nova lei é a graça do Espírito Santo" -, o Bispo de Roma explicou: "A nova lei não é um outro comando mais difícil que os outros: a nova lei é um dom, a nova lei é a presença do Espírito Santo que nos foi dado no Sacramento do Batismo, na Confirmação, e nos é dado todos os dias na Santíssima Eucaristia".


Deus visível

A grande novidade, de acordo com o Papa, é que Deus, através de Cristo, se fez conhecer, se mostrou, já não é mais desconhecido, se torna amigo.

Com relação ao dualismo que coloca Deus apenas como uma parte da realidade, Bento XVI questionou:

"Mesmo na teologia, incluindo aquela católica, se difunde atualmente esta tese: Deus não é onipotente. Deste modo, se oferece uma apologia de Deus, que, assim, não seria responsável pelo mal que existe amplamente no mundo. Mas que apologia pobre! Um Deus não onipotende! O mal não está em suas mãos! E como podemos nós confiar neste Deus? Como poderíamos estar seguros no seu amor se esse amor termina onde começa o poder do mal?"

No entanto, no rosto de Cristo crucificado, Deus mostra a verdadeira onipotência.

"Para nós, homens de poder, o poder é sempre idêntico à capacidade de destruir, de fazer o mal. Mas o verdadeiro conceito de onipotência que aparece em Cristo é exatamente o contrário: n'Ele, a verdadeira onipotência é amar até o ponto em que Deus possa sofrer: aqui ele mostra sua verdadeira onipotência, que pode chegar ao ponto de um amor que sofre nós. Assim, vemos que Ele é o verdadeiro Deus e o verdadeiro Deus, que é amor, é poder: o poder do amor. E nós podemos confiar-nos ao seu amor onipotente e viver nele, com este amor onipotente".

Missão e justiça

A seguir, o Papa destacou que a alegria de conhecer a Deus leva ao desejo de comunicá-Lo aos outros, bem como que a missionariedade não é um acessório, mas o dinamismo da própria fé.

Ao revelar o rosto de Deus, Cristo transcende o modelo de justiça vigente.

"a verdadeira justiça não consiste em uma obediência a certas regras, mas é o amor, o amor criativo, em que se encontra a riqueza, a abundância do bem. A abundância é uma das palavras-chave do Novo Testamento, Deus sempre dá a si mesmo em abundância. [...] E quem está unido com Cristo, que é ramo na videira, vive por essa lei, não pergunta: 'Posso agora fazer isso ou não?', 'Devo fazer isso ou não?', mas vive no entusiasmo do amor, que não pergunta: 'isto é ainda necessário, ou proibido', mas, simplesmente, na criatividade do amor, deseja viver com Cristo e por Cristo e dar tudo de si para Ele e, assim, entrar na alegria de produzir frutos".


Oração

A alegria é o Espírito Santo, de tal forma que, de Deus, não se deve pedir qualquer coisa, mas o grande dom que é o próprio Deus, apontou Bento XVI.

"A oração é um caminho, eu diria que uma escada: devemos aprender mais e mais para que coisas podemos rezar e para que coisas não podemos, porque são expressões do nosso egoísmo. [...] O orar, diante dos olhos de Deus, torna-se um processo de purificação de nossos pensamentos, nossos desejos. Como disse o Senhor na parábola da videira: devemos ser podados, purificados, a cada dia; viver com Cristo, em Cristo, permanecer em Cristo, é um processo de purificação, e somente neste processo de lenta purificação, de libertação de nós mesmos e da vontade de ter somente para si, está o caminho verdadeiro da vida, se abre o caminho da alegria".

O Papa concluiu sua meditação pedindo que se reze para que Deus ajude a crescer e permanecer em seu amor.

Lectio Divina de Bento XVI com os seminaristas da Diocese de Roma


Vatican Information Service


Eminências,
Excelências,
queridos amigos,


todos os anos é, para mim, motivo de grande alegria estar com os seminaristas da Diocese de Roma, com os jovens que se preparam para responder ao chamado do Senhor para serem trabalhadores em sua vinha, sacerdotes do seu mistério. É a alegria de ver que a Igreja vive, que o futuro da Igreja está presente também em nossa terra, e também em Roma.

Neste Ano Sacerdotal, queremos estar particularmente atento às palavras do Senhor sobre o nosso serviço. A passagem do Evangelho lido há pouco fala indiretamente, mas profundamente, de nosso sacramento, de nosso chamado a estar na vinha do Senhor, a sermos servidores do seu mistério.

Nesta breve passagem, podemos encontrar algumas palavras-chave que oferecem uma indicação do anúncio que o Senhor quer fazer com este texto. "Permanecei": nesta breve passagem, encontramos dez vezes a palavra "permanecer"; o novo mandamento: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo", "Não mais servos, mas amigos", "Produzais fruto"; e, finalmente: "Peçais, orai e vos será dado, vos será dada a alegria". Rezemos ao Senhor para que nos ajude a entrar no significado de Suas palavras, para que essas palavras possam penetrar em nossos corações e, assim, possam ser caminho e vida em nós, com nós e através de nós.

A primeira palavra é: "Permanecei em mim, no meu amor". Permanecer no Senhor é fundamental como o primeiro tema deste trecho. Permanecer: onde? No amor, no amor de Cristo, no ser amado e no amar o Senhor. Todo o Capítulo 15 concretiza o local da nossa permanência, porque os primeiros oito versículos expõem e apresentam a parábola da videira: "Eu sou a videira; vós, os ramos". A videira é uma imagem que encontramos, no Antigo Testamento, seja nos Profetas, seja nos Salmos e tem um dúplice significado: é uma parábola para o povo de Deus, que é a sua vinha. Ele plantou uma vinha no mundo, cultivou esta vinha, cultivou a sua videira, protegeu a sua vinha, e com que intenção? Naturalmente, com a intenção de encontrar fruto, de encontrar o dom precioso da uva, do bom vinho.

E assim aparece o segundo significado: o vinho é um símbolo, é uma expressão da alegria do amor. O Senhor criou o seu povo para encontrar a resposta de seu amor e, por isso, esta imagem da videira tem um significado esponsal, é uma expressão do fato de que Deus procura o amor da sua criatura, Ele quer entrar em uma relação de amor, em uma relação esponsal com o mundo através de seu povo eleito.

Mas eis que a história concreta é uma história de infidelidade: ao invés de uvas preciosas, são produzidas apenas pequenas "coisas não comestíveis", não oferecem uma resposta a esse grande amor, não nasce aquela unidade, aquela união incondicional entre homem e Deus, na comunhão do amor. O homem se retira em si mesmo, quer ter-se apenas para si próprio, quer ser o seu próprio Deus, quer ter o mundo para si mesmo. E, assim, a videira fica devastada, o javali e todos os inimigos vêm e ela se torna um deserto.

Mas Deus não desiste: Deus encontra uma nova maneira para chegar até um amor gratuito, irrevogável, ao fruto desse amor, à uva verdadeira: Deus se faz homem, e assim Ele próprio se torna a raiz da videira, Ele torna-se a própria videira e, assim, a videira se torna indestrutível. Este povo de Deus não pode ser destruído, porque o próprio Deus entrou, se plantou nesta terra. O novo Povo de Deus é realmente fundado no próprio Deus, que se faz homem e, assim, chama-nos a encontrar n'Ele uma nova vida e nos convida a estar, a permanecer n'Ele.

Devemos lembrar também que, no capítulo 6 do Evangelho de João, encontramos o discurso sobre o pão, que se torna o grande discurso sobre o mistério eucarístico. Neste capítulo 15, temos o discurso sobre o vinho: o Senhor não fala explicitamente da Eucaristia, mas, naturalmente, dentro do mistério de vinho está a realidade de que Ele se faz fruto e vinho para nós, que seu sangue é o fruto do amor que nasce da terra para sempre e, na Eucaristia, o seu sangue se torna nosso sangue. Assim, somos colocados em relação com Deus no Filho e, na Eucaristia, torna-se concreta aquela grande realidade da vida em que nós somos os ramos unidos com o Filho e, assim, unidos com o amor eterno.

"Permanecei": permanecer neste grande mistério, permanecer neste novo dom do Senhor, que nos fez povo em Si mesmo, em Seu Corpo e em Seu Sangue. Parece-me que é preciso meditar muito este mistério, o de que Deus se fez corpo, um conosco; Sangue, um conosco; que podemos permanecer - permanecendo neste mistério - em comunhão com Deus, nesta grande história de amor, que é a história da verdadeira felicidade. Meditando sobre este dom - Deus tornou-se um com todos nós e, ao mesmo tempo, faz-nos todos um só, uma videira - também temos de começar a rezar para que esse mistério penetre mais e mais em nossas mentes, nossos corações e cada vez mais sejamos capazes de ver e experimentar a grandeza do mistério e, assim, começar a realizar este imperativo: "Permanecei".

Se continuarmos a ler esta passagem do Evangelho de João, encontramos também um segundo imperativo: "Permanecei" e "Observai os meus mandamentos". "Observai" é apenas o segundo nível; o primeiro é aquele de "permanecer", o nível ontológico, de que estejamos unidos com Ele, que se deu, por antecipação, a si próprio, deu-nos o seu amor, o fruto. Não somos nós que temos de produzir o grande fruto; o Cristianismo não é um moralismo, não somos nós que devemos fazer o que Deus espera do mundo, mas devemos, antes de tudo, entrar neste mistério ontológico: Deus se dá a Si mesmo. Seu ser, seu amar precede as nossas ações e, no contexto de seu Corpo, no contexto de estar n'Ele, identificarmo-nos com Ele, sermos cobertos por seu Sangue, possamos também nós agir com Cristo.

A ética é consequência do ser: primeiro o Senhor nos dá um novo ser, esse é o grande dom; o ser precede o agir e deste ser segue o agir, como uma realidade orgânica, para que aquilo que somos, possamos sê-lo também em nossa atividade. Assim, agradeçamos ao Senhor porque nos tirou do puro moralismo; não podemos obedecer a uma lei que está diante de nós, mas devemos agir de acordo com a nossa nova identidade. Assim, já não é mais uma obediência, uma coisa externa, mas uma realização do dom do novo ser.


Digo mais uma vez: agradeçamos ao Senhor porque Ele nos precede, dá o que precisamos para que possamos nos dar e ser, na verdade e na força de nosso novo ser, atores de sua realidade. Permenecer e observar: o observar é o sinal da permanência e o permanecer é o dom que Ele nos dá, mas que deve ser renovado todos os dias em nossas vidas.

Segue, pois, este novo mandamento: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo". Nenhum amor é maior do que este: "dar a vida por seus amigos". O que significa dizer isso? Aqui também não se trata de um moralismo. Se poderia dizer: "Não é um novo mandamento; o mandamento de amar o próximo como a si mesmo já existe no Antigo Testamento". Alguns dizem: "Tal amor é agora mais radicalizado; este amar o outro deve imitar a Cristo, que deu a si mesmo por nós; deve ser um amor heroico, até o dom de si mesmo". Neste caso, porém, o cristianismo seria um moralismo heroico. É verdade que devemos chegar até esta radicalidade do amor, que Cristo nos mostrou e doou, mas também aqui a verdadeira novidade não é o que nós fazemos, a verdadeira novidade é o que Ele fez: o Senhor deu a si próprio, o Senhor nos deu a verdadeira novidade de sermos membros seus no seu próprio corpo, de sermos ramos da videira que é Ele. Então, a novidade é o dom, o grande dom, e do dom, da novidade do dom, segue então, como eu disse, a nova lei.

São Tomás de Aquino o diz de uma forma muito precisa quando escreve: "A nova lei é a graça do Espírito Santo" (Summa theologiae, i-iiae, q. 106, a. 1). A nova lei não é um outro comando mais difícil que os outros: a nova lei é um dom, a nova lei é a presença do Espírito Santo que nos foi dado no Sacramento do Batismo, na Confirmação, e nos é dado todos os dias na Santíssima Eucaristia. Os Padres aqui distinguiram "Sacramentum" e "exemplum". "Sacramentum" é o dom do novo ser, e este dom também se torna um exemplo para o nosso agir, mas o "sacramentum" precede, e nós vivemos do sacramento. Aqui vemos a centralidade do sacramento, que é a centralidade do dom.

Prossigamos em nossa reflexão. O Senhor diz: "Eu não vos chamo mais servos, o servo não sabe aquilo que faz o seu patrão. Vos chamo de amigos, porque tudo o que eu ouvi de meu Pai vos dei a conhecer". Não mais servos, que obedecem ao comando, mas amigos que se conhecem, que estão unidos na mesma vontade, no mesmo amor. A novidade então é que Deus se fez conhecer, que Deus se mostrou, que Deus não é mais o Deus desconhecido, procurado, mas não encontrado ou apenas adivinhado à distância. Deus se deixou ver: no rosto de Cristo, vemos Deus, Deus faz-se "conhecido" e, assim, se fez amigo. Pensemos em como, na história da humanidade, em todas as religiões arcaicas, sabe-se que há um Deus. Este é um conhecimento imerso no coração do homem, que Deus é um, os deuses não são "o" Deus. Mas este Deus permanece muito longe, parece que não se deixa conhecer, não se deixa amar, não é amigo, mas está longe. Por isso, as religiões se ocupam pouco deste Deus, a vida concreta se encarrega dos espíritos, da realidade concreta que enfrentamos todos os dias e com a qual temos de fazer as contas cotidianamente. Deus continua distante.

Então nós vemos o grande movimento da filosofia: pensamos em Platão, Aristóteles, que começam a intuir como este Deus é o agathòn, a Bondade em si, é o eros que move o mundo, mas isto continua a ser um pensamento humano, é uma ideia de Deus que se aproxima da verdade, mas é uma ideia nossa e Deus continua a ser o Deus escondido.

Não muito tempo atrás, me escreveu um professor de Regensburg, um professor de Física, que tinha lido com grande atraso o meu discurso à Universidade de Regensburg, para dizer que ele não poderia concordar com a minha lógica ou só poderia fazê-lo em parte. Ele disse: "Claro, me convence a idéia de que a estrutura racional do mundo exija uma razão criadora, a qual fez essa racionalidade que não pode ser explicada por si mesma". E continuou: "Mas se pôde existir um demiurgo - assim ele se exprime -, um demiurgo me parece seguro do que Ele diz, não vejo que haja um Deus amoroso, bom, justo e misericordioso. Eu posso ver que há uma razão que precede a racionalidade do cosmo, mas o resto não". E assim Deus lhe permanece oculto. É uma razão que precede as nossas razões, nossa racionalidade, a racionalidade do ser, mas não é um amor eterno, não é a grande misericórdia que nos dá a vida.

E aqui, em Cristo, Deus se manifestou na sua verdade plena, mostrou que é razão e amor, que a razão eterna é amor e por isso cria. Infelizmente, ainda hoje muitos vivem longe de Cristo, não conhecem o seu rosto e, assim, a eterna tentação do dualismo, que se esconde também na carta deste professor, é sempre renovada, o qual defende que não haja apenas um princípio bom, mas também um princípio cativo, um princípio do mal; que o mundo está dividido e são duas realidades igualmente fortes: e que o Deus bom é apenas uma parte da realidade. Mesmo na teologia, incluindo aquela católica, se difunde atualmente esta tese: Deus não é onipotente. Deste modo, se oferece uma apologia de Deus, que, assim, não seria responsável pelo mal que existe amplamente no mundo. Mas que apologia pobre! Um Deus não onipotende! O mal não está em suas mãos! E como podemos nós confiar neste Deus? Como poderíamos estar seguros no seu amor se esse amor termina onde começa o poder do mal?

Mas Deus não é mais desconhecido: no rosto de Cristo crucificado vemos Deus e vemos a verdadeira onipotência, não o mito da onipotência. Para nós, homens de poder, o poder é sempre idêntico à capacidade de destruir, de fazer o mal. Mas o verdadeiro conceito de onipotência que aparece em Cristo é exatamente o contrário: n'Ele, a verdadeira onipotência é amar até o ponto em que Deus possa sofrer: aqui ele mostra sua verdadeira onipotência, que pode chegar ao ponto de um amor que sofre nós. Assim, vemos que Ele é o verdadeiro Deus e o verdadeiro Deus, que é amor, é poder: o poder do amor. E nós podemos confiar-nos ao seu amor onipotente e viver nele, com este amor onipotente.


Penso que devemos sempre meditar de novo sobre essa realidade, agradecer a Deus porque se mostrou a nós, porque conhecemos o seu rosto, face a face; não é mais como Moisés, que podia ver apenas o dorso do Senhor. Essa é também uma bela ideia, da qual São Gregório de Nissa diz: "Ver apenas o dorso significa que devemos sempre voltar a Cristo". Mas, ao mesmo tempo, Deus mostrou com Cristo a sua face, o seu rosto. O véu do templo é rasgado, é aberto, o mistério de Deus se torna visível. O primeiro mandamento, que exclui as imagens de Deus, porque essas só poderiam diminuir a realidade, mudou, é renovado, adquire outra forma. Podemos agora, no homem Cristo, ver o rosto de Deus, podemos ter ícones de Cristo e, assim, ver quem é Deus.

Eu penso que quem compreendeu isso, quem se deixou tocar por esse mistério, o de que Deus se revelou, rasgou o véu do templo, mostrou o seu rosto, encontra uma fonte de alegria permanente. Nós podemos dizer apenas: "Obrigado. Sim, agora sabemos quem Tu és, quem é Deus e como responder a Ti". E penso que esta alegria de conhecer a Deus, que se revelou, mostrou o mais íntimo de seu ser, implica também na alegria de comunicá-Lo: quem compreendeu isso, vive tocado por esta realidade, deve fazer como fizeram os primeiros discípulos, que vão a seus amigos e irmãos dizendo: "Achamos aquele de quem os profetas falam. Ele está aqui". A missionariedade não é algo externo acrescentado à fé, mas é o dinamismo da própria fé. Quem o viu, quem encontrou Jesus, deve andar ao encontro dos amigos e dizer a eles: "O encontramos, é Jesus, o Crucificado por nós".

A seguir, o texto do Evangelho diz: "Eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça". Com isto, retornamos ao início, à imagem, à parábola da videira: ela existe para dar frutos. E qual é o fruto? Como dissemos, o fruto é o amor. No Antigo Testamento, com a Torá como a primeira etapa da autorrevelação de Deus, o fruto era compreendido como a justiça, aquele que vive segundo a Palavra de Deus, vive na vontade de Deus, e assim vive bem.

Isso permanece, mas ao mesmo tempo é transcendido: a verdadeira justiça não consiste em uma obediência a certas regras, mas é o amor, o amor criativo, em que se encontra a riqueza, a abundância do bem. A abundância é uma das palavras-chave do Novo Testamento, Deus sempre dá a si mesmo em abundância. Para criar o homem, cria esta abundância de um cosmo imenso; para redimir o homem dá a si mesmo, na Eucaristia dá a si mesmo. E quem está unido com Cristo, que é ramo na videira, vive por essa lei, não pergunta: "Posso agora fazer isso ou não?", "Devo fazer isso ou não?", mas vive no entusiasmo do amor, que não pergunta: "isto é ainda necessário, ou proibido", mas, simplesmente, na criatividade do amor, deseja viver com Cristo e por Cristo e dar tudo de si para Ele e, assim, entrar na alegria de produzir frutos. Tenhamos também em mente o que o Senhor diz: "Eu vos escolhi e vos constituí para que vades": é o dinamismo que vive no amor de Cristo; ir, isto é, não permanecer sozinho para mim, ver a minha perfeição, garantir para mim a felicidade eterna, mas esquecer de mim mesmo, ir como Cristo andou, andar como Deus andou, de Sua Majestade imensa até a nossa pobreza, para encontrar frutos, para ajudar-nos, para nos dar a oportunidade de portar o fruto do amor verdadeiro. Quanto mais nós somos preenchidos com essa alegria de ter descoberto a face de Deus, tanto mais o entusiasmo do amor será real em nós e produzirá frutos.

E, finalmente, chegamos à última palavra desta passagem: "Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda". Uma breve reflexão sobre a oração, que sempre nos surpreende de novo. Por duas vezes, neste capítulo 15, o Senhor diz: "O que pedirdes, vos dou", e mais uma vez também no capítulo 16. E nós desejaríamos dizer: "Mas não, senhor, não é verdade." Tantas orações boas e profundas das mães que rezam para o filho que está morrendo e não são atendidas, tantas orações para que aconteça uma coisa boa e o Senhor não responde. O que dizer dessa promessa? No capítulo 16, o Senhor nos oferece a chave para compreender: ele nos diz o quanto nos dá, o que é este tudo: a alegria - se alguém encontrou a alegria, encontrou tudo e vê tudo à luz do amor divino. Como São Francisco, que compôs o grande poema sobre a criação em uma situação desoladora, mas exatamente ali, ao lado do Senhor sofredor, redescobriu a beleza do ser, a bondade de Deus, e escreveu este grande poema.

Vale lembrar, ao mesmo tempo, também alguns versículos do Evangelho de Lucas, onde o Senhor, em uma parábola, fala de oração, dizendo: "Se vós, que sois mal, dais coisas boas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai do Céu dará aos seus filhos o Espírito Santo". O Espírito Santo - no Evangelho de Lucas - é a alegria, no Evangelho de João é a mesma realidade: a alegria é o Espírito Santo e o Espírito Santo é a alegria, ou, em outras palavras, de Deus não invocamos qualquer coisa, pequena ou grande, de Deus invocamos o dom divino, o próprio Deus; esse é o grande dom que Deus nos dá: o próprio Deus. Neste sentido, temos de aprender a rezar, rezar para a grande realidade, a realidade divina, porque Ele nos dá a Si próprio, dá-nos o Seu Espírito para que possamos responder às exigências da vida e ajudar os outros no seu sofrimento. Evidentemente, o Pai Nosso nos ensina isso. Podemos orar por muitas coisas, em todas as nossas necessidades podemos rezar: "Ajude-me". Isso é muito humano e Deus é humano, como vimos; por isso. é justo rezar a Deus para as pequenas coisas na nossa vida quotidiana.

Mas, ao mesmo tempo, a oração é um caminho, eu diria que uma escada: devemos aprender mais e mais para que coisas podemos rezar e para que coisas não podemos, porque são expressões do nosso egoísmo. Eu não posso orar por coisas que são nocivas aos outros, eu não posso orar por coisas que ajudam o meu egoísmo, minha soberba. Assim, o orar, diante dos olhos de Deus, torna-se um processo de purificação de nossos pensamentos, nossos desejos. Como disse o Senhor na parábola da videira: devemos ser podados, purificados, a cada dia; viver com Cristo, em Cristo, permanecer em Cristo, é um processo de purificação, e somente neste processo de lenta purificação, de libertação de nós mesmos e da vontade de ter somente para si, está o caminho verdadeiro da vida, se abre o caminho da alegria.

Como já mencionei, todas estas palavras do Senhor têm um pano de fundo sacramental. O pano de fundo fundamental para a parábola da videira é o Batismo: somos implantados em Cristo; e a Eucaristia: somos um pão, um corpo, um sangue, uma vida com Cristo. E também este processo de purificação tem um pano de fundo sacramental: o sacramento da Penitência, da Reconciliação, em que aceitamos esta pedagogia divina, que dia a dia, ao longo de uma vida, nos purifica e nos torna mais e mais verdadeiros membros de seu corpo. Deste modo, podemos aprender que Deus responde às nossas orações, muitas vezes responde com a sua bondade também às pequenas orações, mas muitas vezes também as corrige, as transforma e as guia para que sejamos finalmente e verdadeiramente ramos de seu Filho, da videira verdadeira, membros de seu Corpo.

Agradeçamos a Deus pela grandeza de seu amor, rezemos para que Ele nos ajude a crescer em seu amor, para que permaneçamos realmente em seu amor.

Pesquisar este blog