sexta-feira, 28 de maio de 2010

A guerra santa que Deus quer

Foi em 1095 que se falou da primeira guerra santa de que se tem notícia. No verão daquele ano, o Papa Urbano II deixou Roma e se deslocou até a cidade francesa de Clermont-Ferrand, a fim de abrir um concílio com o propósito de motivar os cristãos europeus a socorrerem seus irmãos de Jerusalém e demais cidades da Terra Santa, dominados pelos muçulmanos. A alocução que proferiu no dia 19 de novembro foi tão incisiva, que todos os presentes prorromperam no grito “Deus o quer!”, grito que atravessou as fronteiras da França e se alastrou pela Europa, motivando milhares de pessoas para a que passou à história como a primeira Cruzada.

Hoje, seria muito difícil encontrar cristãos que se disponham a imitar o exemplo de seus antepassados, até mesmo pelo clima de diálogo e de solidariedade que os anima. Contudo, continuam em vigor muitas guerras em nome da religião – ou contra ela – em inúmeros ambientes e segmentos da sociedade. Não me refiro tanto à Jihad muçulmana, mas, sobretudo, a determinados órgãos de informação, que parecem ter assumido, como objetivo, o aniquilamento da Igreja Católica, sustentados por forças mais ou menos ocultas.

Não foi por nada que, na França, onde nasceu a guerra santa, nos dias que antecederam a Páscoa deste ano, um abaixo-assinado de 70 intelectuais pediu aos meios de comunicação maior ética e responsabilidade ao se referirem à Igreja Católica. Mas não precisamos ir tão longe. Aqui mesmo, no Brasil, alguns católicos – normalmente tímidos quando se trata de defender a sua Igreja – começam a questionar as notícias trazidas pela imprensa. É o que fez, no dia 6 de abril, um leitor do Provedor Terra, ao rebater o alarde feito em relação a um padre acusado de pedofilia na Índia: «A quem interessa divulgar um fato dessa natureza acontecido na Índia? Só mesmo aos meios de comunicação interessados em mover um ataque cerrado à Igreja Católica. Por que não noticiam, com a mesma veemência, casos semelhantes em outros extratos da sociedade?».

Para o Presidente do Senado italiano, Marcelo Pera, os maiores culpados dessa difamação da Igreja são os próprios católicos: «Esta guerra ao cristianismo não seria tão perigosa se os cristãos a entendessem. Ao invés, muitos deles participam dessa incompreensão. São os teólogos frustrados pela supremacia intelectual de Bento XVI; os bispos incertos que pensam que compactuar com a modernidade seria a maneira melhor de atualizar a mensagem cristã; e os intelectuais católicos que pensam existir um problema não resolvido entre cristianismo e sexualidade. Desencadeou-se uma guerra. Não propriamente contra a pessoa do papa, pois seria inviável. Bento XVI tornou-se invulnerável por sua imagem, sua serenidade, sua clareza e sua firmeza. Mas ela existe, entre outras razões, porque um papa como Bento XVI, que sorri, mas não retrocede um milímetro, alimenta o embate!».

Sobre o mesmo assunto, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil emitiu uma nota no dia 31 de março, assinada por seu Presidente, Dom Geraldo Lyrio Rocha. Nela, o prelado recorda que «o povo católico de todo o mundo acompanha, com profunda dor no coração, as denúncias de inúmeros casos de abuso sexual de crianças e adolescentes praticado por pessoas ligadas à Igreja, particularmente padres e religiosos. É de se lamentar, no entanto, que a divulgação de notícias relativas a esses crimes injustificáveis se transforme numa campanha difamatória contra a Igreja Católica e contra o Papa. Bento XVI, ao reconhecer publicamente os erros de membros da Igreja e ao pedir perdão por esta prática, não merecia esse tratamento, que fere também grande parte do povo brasileiro, que sofre com esses momentos difíceis, e reza pelas vítimas e seus familiares, pelos culpados, mas também pelas dezenas de milhares de sacerdotes que, no mundo todo, procuram honrar sua vocação».

Dom Redovino Rizzardo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário

Pesquisar este blog