quinta-feira, 15 de abril de 2010

Bento XVI diz que padre deve falar de Cristo, não de si mesmo

Papa Bento XVI saúda os peregrinos durante a Catequese na Praça de São Pedro, no Vaticano
"O sacerdote não ensina as suas próprias ideias. O sacerdote não fala 'de si', não fala 'para si' [...]. O sacerdote ensina em nome de Cristo presente, propõe a Verdade que é o próprio Cristo, a Sua Palavra, o Seu modo de viver, e de seguir adiante".

A Catequese de Bento XVI na Audiência Geral desta quarta-feira, 14, centrou-se no tema do ministério sacerdotal, mais particularmente no ofício de ensinar, comum a todos os padres.
.: OUÇA a Catequese do Papa (em italiano)

"Vivemos em uma grande confusão acerca das opções fundamentais da nossa vida, sobre o que é o mundo, de onde viemos, para onde vamos, o que devemos fazer para agir bem, como devemos viver, quais são os valores realmente pertinentes. [...] Essa é a função in persona Christi do sacerdote, aquela de tornar presente, em meio à confusão, à desorientação de nosso tempo, a luz da Palavra de Deus, a Luz que é o próprio Cristo neste nosso mundo", explica o Papa.

A força profética do sacerdócio consiste em "não ser mais aprovado, nem aprovável, por qualquer cultura ou mentalidade dominante, mas no mostrar a única novidade capaz de operar uma autêntica e profunda renovação do homem, isto é, que Cristo é o Vivente, é o Deus próximo, o Deus que opera na vida e pela vida do mundo e nos doa a Verdade, o modo de viver".

O ensinamento do sacerdote não deve ser exercido com a presunção de quem ensina a própria verdade, "mas, sim, com a humilde e alegre certeza de quem encontrou a Verdade, à qual está agarrado e pela qual foi transformado, e, por isso, não pode deixar de anunciá-la", sublinhou o Papa.


Doutrina da Igreja

Nesse sentido, o sacerdócio não é algo que a pessoa pode escolher para si mesma, ou um modo de garantir segurança na vida ou posições sociais. "O sacerdócio é a resposta ao chamado do Senhor, à sua vontade, para se tornar anuciador não de uma verdade pessoal, mas da sua verdade".

Bento XVI também ressaltou que os cristãos esperam do ensinamento do sacerdote a genuína doutrina da Igreja. "A Sagrada Escritura, os escritos dos Padres e Doutores da Igreja, o Catecismo da Igreja Católica constituem, neste contexto, os pontos de referência essenciais no exercício do munus docendi, também essencial para a conversão, o caminho de fé e salvação dos homens".


Identificação e representação

O Santo Padre destaca que o anunciar uma doutrina que não é sua, particular, não significa que o sacerdote seja neutro, ou um mero porta-voz de um texto do qual não se apropria.

"A vida do sacerdote deve identificar-se com Cristo e, desse modo, a palavra não própria se torna, todavia, uma palavra profundamente pessoal", disse, agregando que o padre deve procurar assimilar como próprio tudo o que o Senhor ensinou e a Igreja transmitiu.

Os ministros ordenados agem in persona Christi Capitis - na pessoa de Cristo Cabeça -, representam o Senhor. O Pontífice pergunta: "O que significa dizer isso? O que significa 'representar' alguém?"

Bento XVI explica que, na linguagem comum, representar implica ocupar o lugar de alguém ausente. "O sacerdote representa o Senhor do mesmo modo? A resposta é: não, porque, na Igreja, Cristo nunca está ausente. Na verdade, Cristo está presente de um modo totalmente livre das limitações de espaço e tempo, graças ao evento da Ressurreição, que contemplamos de modo especial neste tempo de Páscoa".

Assim, destaca que é a Pessoa de Cristo Ressuscitado que torna presente a sua própria ação através do sacerdote.

O Papa concluiu sua reflexão propondo o exemplo de São João Maria Vianney aos sacerdotes. "Ele era homem de grande sabedoria e força heroica no resistir às pressões culturais e sociais do seu tempo para poder conduzir as almas a Deus", afirmou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário

Pesquisar este blog