A vida é, eu creio e digo, uma dádiva e um presente de Deus. Todos nós esperamos ansiosos a vinda de uma criança que trás alegria e felicidade para uma família. (Veja mais em nosso Portal)
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Vida e Esperança - Artigo Padre Orlando Maffei
A vida é, eu creio e digo, uma dádiva e um presente de Deus. Todos nós esperamos ansiosos a vinda de uma criança que trás alegria e felicidade para uma família. (Veja mais em nosso Portal)
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Pedro, advogado e missionário
Pedro Fukuyei Yamaguchi Ferreira, 27 anos, filho de Paulo Teixeira Ferreira, deputado federal pelo PT-SP e da advogada Alice Yamaguchi Ferreira, chegou em São Gabriel da Cachoeira no dia 02 de março. Integrava o Projeto Missionário Sul 1 (dioceses de São Paulo) – Norte 1 (Amazonas e Roraima). Veio trabalhar como assessor jurídico da diocese e servir os Povos Indígenas que representam mais de 95% da população. Morava na casa do bispo, onde funcionava também seu escritório.
No dia 01 de junho, perto do meio dia, Pedro foi banhar-se no Rio Negro e foi arrastado pela correnteza. Seu corpo foi encontrado 48hs depois em Tapereira, a mais de 40 quilômetros de São Gabriel. Morte trágica, inesperada, prematura. Como entendê-la?
Com muitas lágrimas e emoção acompanhei a despedida dele em São Paulo. No dia 04/06 a catedral da Sé ficou repleta de parentes, amigos, agentes da pastoral carcerária, desembargadores, promotores, juízes, advogados. No meio da multidão encontravam-se Eduardo Suplicy, Luiza Erundina, Michel Temer, Paulo Vanuchi, Francisco Witaker da Silva, Benedito Prezia, para citar apenas os que pude reconhecer.
Às 14hs, com Dom Angélico Sândalo Bernardino e trinta presbíteros celebramos a Eucaristia. Mas sem o corpo presente. Uma avaria no avião que o transportava obrigou um pouso forçado em Nova Floresta, no Mato Grosso. O corpo chegou somente às 19:30hs e foi velado na catedral. No dia 05/06, às 08hs, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu a Missa de despedia e a encomendação. Às 10hs foi sepultado no jazigo da família, no cemitério da Vila Alpina. Enquanto cada um colocava um punhado de terra vermelha sobre o caixão, jovens advogados amigos entoavam o samba “Silêncio no Bexiga”, de Geraldo Filme:
- “Silêncio, o sambista está dormindo.
- Ele foi, mas foi sorrindo
- A notícia chegou quando anoiteceu
- Escola, eu peço o silêncio de um momento
O Bexiga está de luto
O apito de Pato n`água emudeceu”.
Quem era o Pedro? Recebeu o nome em homenagem a Dom Pedro Casaldáliga. Seu padrinho de Crisma foi Dom Angélico Bernardino. Seus pais são membros da Fraternidade Secular de Charles de Foucuald, militantes nos movimentos sociais. Formou-se em direito pela PUC de São Paulo. Estagiou em grandes escritórios de advocacia, mas encontrou-se realmente durante os três anos em que atuou como assessor jurídico da Pastoral Carcerária sob a coordenação do Pe Valdir João da Silveira. Foi neste serviço que nasceu o sonho de ser missionário na Amazônia. E o Pe Valdir, meu amigo, não podendo mais retê-lo, encaminhou-o para ajudar na diocese mais longínqua, mais isolada, mais indígena e mais pobre do Brasil, no noroeste do Amazonas.
Dom Bruno Gamberini, arcebispo de Campinas, representando os bispos de São Paulo, presidiu a missa de envio do Pedro. Estavam com ele o Pe João Paulo da Silva, que também veio a São Gabriel e a Prof. Maria Soares de Camargo que foi para Roraima. Na ocasião o Pedro disse: “Esta decisão é fruto de um antigo desejo de sentir na pele o que as pessoas mais simples e esquecidas sentem. E a partir desta partilha, colaborar para a transformação da realidade”.
Pedro era baixo. Os olhinhos japoneses, herança da mãe, o tornavam parecido com os Povos Indígenas. Como os índios das vinte e três etnias do Rio Negro se consideram parentes, Pedro já tinha sido adotado como parentes deles. Era alegre, comunicativo, bem humorado, corintiano, apaixonado por samba e futebol. Na camiseta que deixou sobre a pedra antes de entrar no rio está escrito: “Corintians, aqui tem um bando de loucos que nunca vai te abandonar!”. No o dia em que chegou em São Gabriel, no fim da tarde, viu um jogo de futebol atrás da escola, ao lado da casa do bispo. Vestiu sua roupa de esporte e dirigiu-se para lá. Logo foi convidado para entrar no jogo. Como perceberam que jogava bem o contrataram para jogar no time da Vila Boa Esperança e participar de um torneio que iniciaria alguns dias depois. Camisa 10, goleador, não demorou para ser eleito capitão do time.
No dia seguinte acompanhei-o na visita cadeia, onde sua vinda já era aguardada com grande expectativa. Passou a tarde conversando com cada presidiário. À noite relatou-me suas preocupações. Encontrou chefes de família retidos há muito tempo e o último júri popular havia acontecido há mais de cinco anos. Além disso, havia jovens envolvidos em pequenos delitos e uso de drogas. Não demorou para encontrar uma solução. Em comum acordo com a juíza e o Pe Jorge, administrador diocesano, sugeriu que cinco deles fossem contratados para trabalhar na reforma da cúria, iniciada há poucos dias. A proposta foi aceita. E dos cinco jovens, apenas um desistiu. Pedro foi a sua procura até encontrá-lo e motivá-lo para ingressar na Fazenda da Esperança. Perguntei ao Pedro o que tinha combinado com eles pelo preço da liberdade. Foram duas coisas. Não poderiam decepcionar o bispo que estava apostando neles, inclusive oferecendo um emprego. E se precisassem de algum dinheiro, não deveriam roubar nem assaltar. Era só pedir que ele daria um jeito.
Em pouco tempo tornou-se conhecido e merecedor da confiança de todos. Ele mesmo, em carta dirigida aos amigos, descreve o seu dia a dia: “Aqui em SGC a vida está bem. O fato de respirar um ar puro, tomar banho no rio, olhar a selva, jogar bola, morar do lado do trabalho, tem sido importante.Tenho trabalhado bastante. As pessoas têm me procurado, querem falar com o advogado da Diocese, ficam aliviadas quando sabem que eu não cobro pelo trabalho. Procuram por todas as demandas, cíveis, criminais, familiares, etc. Aqui faltam profissionais de todas as áreas! Tenho feito semanalmente visita ao presídio. Isso tem me possibilitado estender as visitas aos familiares e assim conheço a realidade da vida deles, um pouco da cultura e também a miséria que atinge a cidade, sobretudo aqueles que vem das comunidades do interior. A Pastoral Carcerária tem me inserido também no contexto local.Talvez o principal problema daqui seja o álcool e o crescente uso de drogas pelos jovens - pasta base de cocaína que vem da Colômbia. Isso gera muita violência, algumas mortes, famílias destruídas. Com o Dom Edson visitamos a nova promotora de justiça e conversamos sobre justiça restaurativa. Ela se mostrou aberta a essa justiça. Eu quero trabalhar para mostrar que cadeia não funciona e que temos de achar outras soluções, sobretudo com os Povos Indígenas, que têm peculiaridades culturais próprias”.
Bastam estas palavras para perceber as lutas e os sonhos do Pedro. Ele ficava indignado quando ficava sabendo que advogados cobravam verdadeiras fortunas para defender pequenas causas. E as famílias pobres deviam desfazer-se da casa, do terreno, e outros bens indispensáveis para sobreviver.
Na hora de reestruturar a rádio comunitária Novo Milênio, Pedro foi eleito vice-presidente para trabalhar ao lado da Ir Claudina, assessora da Pastoral da Juventude. Com muita criatividade e audiência apresentava um programa musical denominado “Samba e Cidadania”.
A mãe Alice, após a Missa na Catedral, ainda arrancou forças para dar este testemunho: “Quando soube que o Pedro tinha desaparecido no Rio Negro tive a sensação de que não resistiria diante de tamanha dor. Mas, na medida em que fui recebendo visitas, telefonemas, abraços de tantas pessoas amigas que não via há tempo, este rede humana de solidariedade foi me reanimando e consolando. Percebi que meu filho era amado e tinha ajudado a muitas pessoas. Além disso, quem sou eu para me revoltar contra Deus? O Pedro estava onde desejou trabalhar como voluntário. Através de freqüentes telefonemas sempre me dizia que estava muito contente. Meu filho morreu feliz no meio do rio, da floresta, entre os Povos Indígenas. Apesar de sua breve existência, ele soube viver tão intensamente que tenho a impressão de que ele viveu 100 anos em 27”. Enquanto escutava estas comoventes palavras, pensei comigo: é verdade, no coração da Amazônia, o Pedro viveu 03 anos em 03 meses!
Passei o dia 06/06 com a família do Pedro em sua residência. Paulo e Alice, Caio, Ana, Manuela, Laís e Júlia. Entre lágrimas e risos, olhamos fotos, vimos imagens, escutamos canções que recordavam o Pedro, Pedrinho, Pedrão. Fizemos a memória da passagem meteórica do Pedro que soube amar e servir as pessoas e as grandes causas precursoras de “um novo céu e uma nova terra” (Ap 21). Na hora do almoço, preparado em mutirão, fui convidado a ocupar o lugar em que o Pedro costumava sentar-se. Chegou também o Fernando Haddad, ministro da educação. Começamos a refletir como levar a diante a luta do Pedro e que projetos concretos realizar em São Gabriel da Cachoeira. É a semente preciosa e fecunda do Pedro que, mal caída na terra, já começa a produzir frutos (Jo 12,24).
Pedro compreendeu e viveu a proposta radical de Jesus: “Quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará” (Mc 8,35). Pedro testemunhou que a vida não é um capital para ser acumulado, mas um dom de Deus para ser partilhado. Vida a serviço da vida dos pobres, dos Povos Indígenas para pagar-lhes a imensa dívida social que lhes devemos pelos massacres e genocídios perpetrados desde o “descobrimento”.
Pedro andou pela vida conduzido pelas bem-aventuranças dos “que têm fome e sede de justiça” (Mt, 5). Por isso já escutou de Jesus: “Vem bendito de meu Pai...Tudo o que fizeste a um destes mais pequeninos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizeste! Recebe em herança o Reino que meu Pai te preparou desde a criação do mundo” (Mt 25, 34 e 40).
Dom Edson Damian
terça-feira, 8 de junho de 2010
Para não quebrar a louça
Dentro da nossa Igreja sempre tivemos assuntos “perigosos”, nos quais basta deslocar as afirmações um pouco para um lado, ou para o outro, e a confusão está feita. Olhemos, por exemplo, para os assuntos essenciais da Trindade ou da Cristologia, buscados nos albores da Igreja. Pequenos desfoques de perfil, e o alvoroço campeava. Não queremos ser do número daqueles que acham que isso são filigranas insignificantes Vejamos, como ilustração, que isso é deveras importante. Se alguém crê que a Sagrada Escritura é inspirada por Deus, e outro nega, não existe possibilidade de essas duas pessoas viverem na harmonia da fé, na mesma comunidade. Desde cedo entre os cristãos houve aquele que estabelecia a unidade de todos. “Confirma os teus irmãos na fé” (Lc 22, 32). A Igreja também sempre definiu, com honestidade e clareza, se alguém - por motivos de rejeitar verdades estabelecidas - ainda continua fazendo parte da comunidade católica. Isso prossegue válido também hoje.
Um dos assuntos “perigosos” atualmente, é o ecumenismo. No afã de dar passos largos nessa paisagem, há pessoas que abrem mão de verdades fundamentais. Tanto de um lado como de outro. Tive ocasião de participar de um desses estudos, num congraçamento católico. Fiquei abismado com a frivolidade com que se acusava a Igreja. Havia espíritos “largos” e “abertos” que depositavam sobre os ombros da Mãe Igreja, as vestes mais rasgadas da infidelidade e do ódio. E mais do que isso. Consideravam todas as religiões cristãs igualmente verdadeiras, havendo apenas diferenças de acentuação. Ora, isso vai contra a nossa profissão de fé, onde declaramos solenemente: “eu creio na Igreja una”. Ela é única. Isso é até uma condição para entabolar diálogos ecumênicos: crer na veracidade da sua Igreja. Quem nisso não crê, faz uma conversa hipócrita. É verdade, temos muito a aprender de alguns de nossos irmãos separados. Não os convidamos a fazerem parte da nossa comunidade, a menos que eles espontaneamente o queiram. Respeitamo-los muito. Mas arrojos ecumênicos devem ser mantidos dentro dos ensinamentos do Concílio. Assim iremos mais longe, até atingir o que Cristo quer de nós. “Para que todos sejam um” (Jo 17, 11).
Dom Aloísio Roque Oppermann
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Ó Precioso e Admirável Banquete!
O unigênito Filho de Deus, querendo fazer-nos participantes da sua divindade, assumiu nossa natureza, para que, feito homem, dos homens fizesse deuses. (Leia o restante em nosso Portal)
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Jornada Prazerosa - Artigo do nosso Bispo Dom Sérgio Krzywy
Solta rolava a conversa entre as duas amigas. Uma delas, jovem ainda pela minha estimativa, comentava o seu recente rompimento com o companheiro com quem vivia havia poucos anos. Discorria que era a sua segunda separação. Falava disso com a maior naturalidade, sem demonstrar abatimento ou embaraço. A sua condição lhe parecia tão natural que confidenciou à amiga que já estava de namorado novo! A desenvoltura com que as duas conversavam me deixou, confesso, perplexo. É verdade, recentes noticiários confirmam o aumento do número de separações e divórcios. Amplo e complicado é o assunto para ser esgotado em poucas linhas. Cada caso de separação é diferente e único. Torna-se, portanto, temerário e injusto querer julgar precipitadamente e de uma forma linear todas as situações de separação. O contato diário com casais mostra que alguns rompimentos são mesmo inevitáveis. Uniões há impossíveis de ser mantidas. Por outro lado, é preciso reconhecer, acontecem rompimentos precipitados e levianos.
Observa-se, com alarmante preocupação, a plácida aceitação da mentalidade divorcista. O relacionamento entre as pessoas está pautado pela cultura do descartável predominante. No comércio, qualquer mercadoria merece apreço enquanto for útil. Vencido o período funcional troca-se de produto. Muitos sequer se dão ao trabalho de tentar o conserto. Preferem comprar logo um modelo novo. Dizem os entendidos, que os produtos são feitos hoje para durar pouco. Lamentavelmente, é esta a mentalidade que regula e pauta as relações amorosas hodiernas. Quando o companheiro (a) começa a apresentar defeitos e limitações, algo inevitável entre seres humanos, ao invés de sentar e conversar para tentar corrigir falhas e ajustar rumos, prefere-se o atalho mais comum, decide-se que não dá mais, que é preciso dar um tempo.
O casamento está encarado mais como uma aventura arriscada do que como uma opção de vida. É este um dos motivos mais sérios na atual crise que atinge o matrimônio. Sabe-se, o convívio humano é difícil. São pessoas com vidas e históricos diversos que têm que se ajustar a um mesmo compasso, sem perder a grandeza da individualidade. Interesses e hábitos conflitivos, se não forem prudentemente administrados, ameaçam a sempre delicada harmonia. Há ainda as limitações de caráter inerentes à condição humana e que esticam ao limite a paciência e a tolerância do companheiro (a). Compreende-se, não basta só gostar para casar! É preciso ter claro ser esta uma opção de vida, assumida com todas as conseqüências e desafios. Quando ainda se entende que é Deus quem chama este casal para o casamento com o objetivo de revelar ao mundo quanto é fiel e constante o amor que o Pai do céu guarda por todos, passa-se a empenhar-se para construir uma união sólida e harmoniosa, capaz de corrigir e superar os constantes contratempos e revezes. O casal cristão é chamado para testemunhar a fidelidade do amor de Deus.
Casamento é vocação, não loteria. Casamento é escolha consciente e responsável, não uma aventura leviana. Casamento é uma jornada, lenta, persistente, mas profundamente prazerosa, rumo à felicidade, na companhia de uma pessoa que se escolheu amar com fidelidade e dedicação. E sem prazo de vencimento.
Dom Sérgio Krzywy
terça-feira, 4 de maio de 2010
O novo mandamento - Artigo Padre Orlando Maffei
O Senhor Jesus afirma que dá um novo mandamento a seus discípulos, isto é, que se amem mutuamente: Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros (Jo 13,34).
Mas este mandamento já não estava escrito na antiga lei de Deus, onde se lê: Amarás o teu próximo como a ti mesmo? (Lv 19,18). Por que então o Senhor chama novo o que é evidentemente tão antigo? Será um novo mandamento pelo fato de nos revestir do homem novo, depois de nos ter despojado do velho? Na verdade, ele renova o homem que o ouve, ou melhor, que o obedece; não se trata, porém , de um amor puramente humano, mas daquele que o Senhor quis distinguir, acrescentando: Como eu vos amei (Jo 13,24).
É este amor que nos renova, transformando-nos em homens novos, herdeiros da nova Aliança, cantores do canto novo. Foi este amor, caríssimos irmãos, que renovou outrora os antigos justos, os patriarcas e os profetas e, posteriormente, os santos apóstolos. Ainda hoje é ele que renova as nações e reúne todo o gênero humano espalhado pelo mundo inteiro, formando um só povo novo, o corpo da nova esposa do Filho unigênito de Deus. É dela que se diz no Cântico dos Cânticos : Quem é esta que sobe vestida de branco? (cf CT 8,5) . Vestida de branco, sim, porque renovada; e renovada de que modo , senão pelo mandamento novo ?
Por isso os membros desta esposa sentem uma solicitude mutua . Se um membro sofre, todos sofrem com ele; se um membro é honrado, todos outros se alegram com ele. Pois ouvem e praticam a palavra do Senhor: Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros . Não como se amam aqueles que vivem na corrupção da carne; nem com se amam os seres humanos apenas como seres humanos; mas como se amam aqueles que são deuses e filhos do Altíssimo. Deste modo, se tornam irmãos do Filho unigênito de Deus, amando-se unas aos outros com aquele mesmo amor com que ele os amou, e por ele serão conduzidos à plenitude final, onde os seus desejos serão completamente saciados de bens. Então nada faltará à sua felicidade , quando Deus for tudo em todos.
Quem nos dá este amor é o mesmo que diz: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Foi para isto que ele nos amou, para que nos amássemos mutuamente. E com o seu amor, deu-nos a graça, para que vivendo unidos em recíproco amor , como membros ligados por tão suave vínculo, formemos o Corpo de tão sublime Cabeça.
Dos tratados sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho, bispo.
domingo, 25 de abril de 2010
Cristo vivo em sua Igreja - Artigo Padre Orlando Maffei

Caríssimos filhos, a natureza humana foi assumida tão intimamente pelo Filho de Deus, que o único e mesmo Cristo está não apenas neste homem, primogênito de toda a criatura, mas também em todos os seus santos. Disto não podemos duvidar. E como a Cabeça não pode separar-se dos membros, também os membros não podem separar-se da Cabeça. Se é certo que Deus será tudo em todos não nesta vida mas na eterna, também é verdade que,
desde agora, ele habita inseparavelmente no seu templo, que é a Igreja, conforme sua promessa: Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo (Mt 28,20).
Por conseguinte, tudo quanto o Filho de Deus fez e ensinou para a reconciliação do mundo, podemos saber não apenas pela história do passado, mas experimentando-o na eficácia do que ele realiza no presente.
É ele que, tendo nascido da Virgem Mãe pelo poder do Espírito Santo, por ação do mesmo Espírito, fecunda a sua Igreja imaculada, a fim de gerar pelo nascimento batismal, uma inumerável multidão de filhos de Deus. É deles que se diz: Estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,13).
É nele que foi abençoada a descendência de Abraão por meio da adoção filial de todos os povos do mundo; e o santo patriarca torna-se pai das nações quando, pela fé e não pela carne, lhe nascemos filhos da promessa.
É ele que, sem excluir povo algum, reúne em um só rebanho as santas ovelhas de todas as nações que existem debaixo do céu,e todos os dias cumpre o que prometera, ao dizer: Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor (Jo 10,16).
Embora tenha dito de modo especial a São Pedro: Apascenta as minhas ovelhas (Jo 21,17), é ele o único Senhor que orienta o ministério de todos os pastores. É ele que alimenta os que se aproximam desta pedra, com pastos tão férteis e bem irrigados, que inúmeras ovelhas, fortalecidas pela generosidade do seu amor, não hesitam em morrer pelo Pastor, o Bom Pastor que deu a vida por suas ovelhas.
É ele que une à sua Paixão não apenas a gloriosa fortaleza dos mártires, mas também a fé de todos aqueles que renasceram nas águas batismais.
É nisso que consiste celebrar dignamente a Páscoa do Senhor com os ázimos da sinceridade e da verdade: tendo rejeitado o fermento da antiga malícia, a nova criatura se inebria e se alimenta do próprio Senhor.